Voltar a sentir o vento bater livremente no rosto, sentir a tranquilidade de um passeio ao ar livre. Essas são as sensações que o seu Joelci Tiscoski, o Balico, diagnosticado a três anos com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), poderá vivenciar novamente. Isso porque, o curso de Engenharia Mecânica da UniSatc aceitou o desafio de desenvolver um triciclo para um paciente com paralisia motora. O projeto elaborado por acadêmicos com apoio do professor Fábio Peruch já saiu do papel e foi entregue na última quarta-feira (13), depois de cinco meses de pesquisas, esboços e construção.

“Esse triciclo para mim representa a minha liberdade novamente. Eu sempre fui muito ativo, viajava sempre a trabalho e com o avanço da doença eu comecei a ficar preso em casa. E agora, com a ajuda do pessoal da engenharia da UniSatc eu poderei sair para diferentes lugares e sem limitações. Eu só tenho a agradecer essa equipe”, relata Balico.  

O desafio de adaptar uma bicicleta comum em um triciclo chegou para os alunos do curso por meio do senhor Sérgio Gomes, idealizador do projeto e amigo da família de Joelci. “Eu recebi o Sérgio aqui na instituição, ele trouxe a ideia da bicicleta praticamente pronta e o nosso papel foi entender como ela teria que funcionar, a mobilidade, o conforto, a segurança e transformar uma bicicleta de uma pessoa, para algo que comportasse duas pessoas”, conta o professor Fábio.

A criação do projeto

Usar a criatividade, colocar em prática as teorias vistas em sala de aula e fazer um produto final sair do papel, fazem parte dos anseios de muitos profissionais e para quem ainda está na faculdade poder concretizar uma iniciativa é ainda mais valioso.

Colocar o projeto do triciclo para funcionar foi o desafio para três alunos da UniSatc. A equipe foi composta pelo acadêmico de engenharia mecânica, Douglas Francisco Alves, da acadêmica de engenharia química, Karoline Machinski e do aluno do técnico em mecatrônica, Gabriel Izé.  

“O professor Fábio trouxe pra gente a ideia geral do projeto e a partir daí nós começamos a fazer o esboço, fazer pesquisas e em seguida a gente começou a montar. O professor analisava nossos conceitos, melhorava eles e assim a gente conseguiu chegar em um produto final seguro e que vai ajudar na locomoção do seu Joelci”, salienta Alves.

Para Karoline, ao mesmo tempo que o projeto foi desafiador, ele foi gratificante. “Por sermos de diferentes áreas, nós conseguimos dar diferentes olhares para o triciclo e chegarmos em algo real e que vai ajudar outra pessoa. Para nós foi muito gratificante executar o projeto, pois com uma atitude simples de colocar em prática nossos conhecimentos da graduação a gente vai conseguir proporcionar algo pra outra pessoa, vai mudar a rotina, ele vai poder fazer um passeio diferente com quem ele ama”, destaca.

Já o aluno Gabriel sabe bem como esse simples projeto poderá proporcionar novas vivências ao seu Balico, visto que, seu avô está acamado e ficaria feliz em poder sair de casa novamente. “Além de poder aprender muitas coisas novas e colocá-las em prática, é muito bom poder participar de uma iniciativa como essa, pois com meu avô não podendo se locomover fora de uma cama, eu sei como o seu Joelci ficará feliz em poder sair, ver o mundo fora de casa novamente”, comenta.

A estreia

A Naziela Borges, esposa do Balico, é ciclista à cinco anos e tinha no companheiro o seu carro de apoio, quem a ajudava na troca de pneus. Por conta da doença degenerativa, Joelci não pôde mais acompanhá-la, mas viram no projeto um novo fôlego surgindo. “Eu já tinha pesquisado alguns modelos como o que recebemos, mas estávamos com um entrave de quem poderia fazer para a gente, aqui em Araranguá ninguém fazia. Porém com a ideia do nosso amigo Sérgio em procura a UniSatc para executar o projeto, hoje nós estamos concretizando esse sonho que estava muito distante”, conta.

Com a chegada do triciclo, os horizontes que pareciam tão distantes estão próximos do fim. Isso por que o primeiro passeio de bike já está programado, no próximo sábado (16), o Balico e a turma do pedal que a Naziela participa irão do centro de Araranguá até o Morro dos conventos.

“Nós temos aqui na cidade um ciclovia que foi inaugurada recentemente que vai até o Morro dos Conventos e essa é a nossa primeira meta, com 24 km de ida e volta. E já temos o segundo roteiro de irmos até o pé da serra da rocinha”, explica Joelci.

O agradecimento final fica ao amigo Sérgio Gomes, que idealizou o projeto e que confiou na UniSatc para executa-lo. “Infelizmente, Sérgio não conseguiu ver o triciclo pronto, pois ele é mais uma vítima perdida para a Covid-19, mas com certeza ele está feliz que conseguimos terminá-lo, assumimos esse compromisso e em homenagem ao amigo a gente conseguiu fazer a entrega ao Balico”, Finaliza Peruch.