Quem passa pela praça Nereu Ramos, no centro de Criciúma já se deparou com um rapaz se equilibrando em uma fita de 20 metros de comprimento e sentiu um frio na barriga. Matheus dos Santos Serafim é o nome dele. Com 25 anos de idade, já pratica o slackline há cinco. O esporte consiste em atravessar uma fita de nylon de um ponto fixo a outro, e até fazer acrobacias nela, mantendo o máximo de equilíbrio. 

Serafim, além de esportista, também é professor particular de inglês, de onde tira sua renda, mas seu maior sonho é poder viver do esporte. A modalidade entrou na sua vida de uma forma bem curiosa. Após o término de namoro, na “fossa”, pediu a um amigo que o ensinasse. Esse amigo, que pratica salto, a mesma modalidade do slackline que Serafim pratica hoje, o ajudou a iniciar. Isso ocorreu há cinco anos, e não parou mais. “Pode ter sido um recurso de refúgio, e foi, mas realmente me apaixonei pelo esporte”, ressalta. 

Sobre seu projeto na Nereu Ramos, iniciou e realiza nas quartas-feiras. Mas, ele se surpreendeu com a receptividade de quem por ali passa. Não esperava o retorno financeiro que vem obtendo e se emociona com a resposta do público. “Das 10 quartas que já participei, só um senhor se irritou com a fita no caminho. Não devia estar em um dia bom”, relembra rindo. O artista possui autorização da Prefeitura de Criciúma para atuar com a arte de rua.

Uma das vertentes do slackline é o highline, que consiste na mesma base, só que em alturas elevadas. Na sua primeira vez, com cordas de segurança, em um penhasco com o mar embaixo, caiu algumas vezes na água até conseguir atravessar um trajeto de 100 metros, cinco vezes maior que a fita usada na praça.

O esportista já participou de eventos, feiras e oficinas. Inclusive, Serafim conta que em um passeio no parque da prefeitura viu um pessoal desconhecido com fita e colchões, que veio cumprimentá-lo. Então, durante a conversa, lembrou que eles eram alunos da Satc, e que participou de uma oficina de slackline na Jornada Satc, e ficou feliz em vê-los praticando e ensinando.

Proposta é levar o slackline para outros

O jovem slackliner conta com o apoio da família e quer servir de exemplo para seu sobrinho que acabou de completar um ano. Por ser o único tio, sente a necessidade dessa conexão familiar. Apesar de se ver indo na contramão do que a sociedade espera de um adulto, Serafim entende que a vida é muito mais que um diploma e que o esporte precisa ser valorizado no Brasil. 

Um dos seus desejos é espalhar o esporte através de um centro de treinamento, com o aparato necessário,  já que dá muito trabalho transportar os colchões. Em seu perfil no Instagram, @mthserafim, é possível ver imagens do seu trabalho e o seu dia a dia nos stories. “O sentido da vida é ser feliz, ser vegano, cuidar dos animais e plantar árvores”, conta.

*Texto e fotos do acadêmico Luarte Rosa, produzida nas disciplinas de Jornalismo Lab e Fotojornalismo Lab.