No ano de 1994, o norte-americano dono de um Mustang 68 que havia sido pintado de amarelo, Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio. Após sua morte, uma campanha de preservação da vida foi iniciada pela sua família e amigos, que devido a diversos motivos nunca perceberam  os sinais de depressão que apareciam no adolescente. No dia do velório de Mike, uma cesta de cartões amarelos que diziam “Se você precisar, peça ajuda” foi espalhada pela cidade, com o objetivo de conscientização e valorização da vida.  Setembro é conhecido como o mês de prevenção ao suicídio, servindo de encorajamento para que outras pessoas não sigam pelo mesmo caminho que Mike.

Muitos tentantes relatam que sentem vergonha de uma parte de sua história, pois em muitos momentos, o suicídio é visto como a forma em que “pessoas fracas” escolhem para chamar atenção, quando na realidade, se trata de uma das maneiras em que as pessoas que  necessitam de ajuda, encontram e escolhem como a solução para acabar com a dor que persiste todos os dias. Parte dos tentantes afirmam que, em cada tentativa, a quantidade ou o risco à vida torna-se ainda maior, fazendo com que seu histórico seja carregado de experiências que negam a vida.

De acordo com o major do Corpo dos Bombeiros de Araranguá, Jihorgenes Borges, em diversas ocorrências os atendimentos seguem o mesmo padrão de ordem dos fatos, como a sequência das tentativas, os métodos e o comportamento após os ocorridos. “A maioria das tentativas de suicídio parte de segundas e terceiras tentativas, e em muitos momentos seguem o mesmo caminho”, explica.

Ficar atento aos sinais é importante

Identificar e registrar um padrão que pode evitar as tentativas de suicídio é difícil, pois cada indivíduo age de um  forma específica. “Ouvir, talvez esse seja o apoio mais adequado. Sinais de alerta também aparecem o tempo todo, um silêncio em uma pessoa proativa, um choro em momentos inesperados, uma irritação momentânea, tudo fala”, afirma o professor de Inteligência sócio emocional Eder Vieira.

A pessoa deseja interromper a dor que está sentindo. “Tenho coragem pra tirar minha vida, mas não tenho coragem de acabar com a vida da minha mãe”, pontuou um jovem tentante. Ele, em um momento de dúvida, ficou sem saber sobre como prosseguir com a situação e escolheu colocar seus sentimentos e vontades em uma balança.  Para ele, a decisão de cometer suicídio não surge de uma hora para outra. Os sinais estão presentes e em quase todos os casos o acúmulo de sentimentos, ideias e frustrações influenciam de forma negativa para que uma decisão seja feita.

*Texto da acadêmica Ana Maciel, produzido na disciplina de Texto Jornalístico +. Essa reportagem faz parte do projeto de prevenção e apoio à Rede de Proteção à Vida de Criciúma.