Neste mês é comemorado em todo o mundo a campanha do Outubro Rosa. Surgido nos anos 90, o movimento tem como seu principal objetivo conscientizar a sociedade sobre a prevenção do câncer de mama. Onde cerca de 30% dos casos do tumor em mulheres se localizam nos seios.

O câncer de mama é o mais comum entre o sexo feminino. A consulta de exame físico deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos, incluindo a mamografia nos exames de rotina. Conforme o mastologista, Erik Paul Winnikow, o tratamento está cada vez mais individualizado nos dias atuais. Para cada tipo e subtipo de tumores é elaborado uma estratégia terapêutica diferente.

“O diagnóstico precoce é extremamente importante. Pois, quanto menor o tumor maior é a chance de cura. A mamografia quando realizada de forma periódica tem capacidade de detectar lesões ainda não palpáveis e reduz em até 30% a mortalidade do câncer”, afirma Winnikow.

Preocupada com a saúde, Fabricia Silvestri Bittencout, realiza exames regularmente e que vai ao ginecologista uma vez ao ano. Foi nesses exames que apareceu uma mancha em seu seio e o médico pediu um ultrassom. Ao fazer descobriu que estava com um tumor BI-RADS 5, já na axila e bem avançado.

“No início quando o médico te dá o diagnóstico a primeira coisa que vem na cabeça é, vou morrer e quanto tempo que eu tenho? Primeiro vem tudo isso e depois vem a aceitação. Tem que aceitar que está com um problema e tem que enfrentar. Então enfrentei e decidi lutar pra eu vencer”, comenta Fabricia.

A mastologista e ginecologista, Maria Fernanda Souza de Luca, afirma que nos casos em que a paciente apresenta algum sintoma o mais frequente é a percepção de nódulo em uma das mamas. Mas, outros sinais são a retração de pele, inversão do mamilo, saída de secreção, machucados que não cicatrizam, íngua endurecida na axila, vermelhidão e inchaço, principalmente em mulheres que não tiveram nenhum trauma na mama.

“O câncer é uma doença traiçoeira, pois a grande maioria deles não dá nenhum sintoma. E é por isso que insistimos tanto na realização dos exames de imagem. Desta forma conseguimos encontrar lesões nas mamas mesmo antes de ter qualquer sintoma”, relata a médica.

A luta contra o câncer de mama

“Eu fiz todos os exames que me pediram e depois comecei a quimioterapia. O meu tratamento de quimio foi bem tranquilo. Não pude fazer todas por conta do meu fígado, pois ele sobrecarregou pelo fato de eu ser obesa na época. Depois eu fiz a mastectomia, onde eu tirei toda a mama e fiz esvaziamento axilar. Após isso fiz 25 sessões de radioterapia, que foi a parte onde eu mais sofri. Mas, em nenhum momento eu pensei em desistir e assim consegui vencer”, ressalta Fabricia.

Dois tipos de prevenção contra o câncer de mama são a forma primária e a secundária. A primária busca evitar que a doença apareça, ou seja, busca diminuir os fatores de risco que no caso do câncer de mama pode ser feito através dos bons hábitos de vida. Alimentação saudável, prática de atividades físicas, manter o peso corporal adequado e evitar bebidas alcoólicas. Ter hábitos saudáveis mostra que pode ser reduzido em até 30% o risco de ter câncer de mama.

“O câncer foi uma divisão de águas na minha vida, porque ali eu entendi que eu precisava cuidar mais de mim, do meu corpo e da minha mente. Foi onde eu decidi mudar toda a minha alimentação e fazer atividade física. E através disso eu consegui emagrecer 24 quilos em seis meses. Hoje eu amo fazer exercícios e indico para muitas pessoas, porque eu era diabética e hipertensa, então a atividade física me ajudou muito e o câncer veio pra me abrir os olhos sobre isso, e hoje eu tenho uma vida totalmente saudável por causa da doença”, destaca Fabricia.

A prevenção secundária busca o diagnóstico precoce da doença já instalada. Neste caso a principal ferramenta é o exame físico e a mamografia. Quanto mais cedo foi o diagnóstico do câncer, mais é a chance de cura da doença.

Perdendo a vergonha de se conhecer

Muitas mulheres têm receio de ir a um ginecologista, ou por medo ou até mesmo por vergonha. Mas, o acompanhamento não deve ser deixado de lado pois é através da consulta que a paciente saberá como está sua saúde íntima.

“Atendo pacientes que ficaram muito tempo sem fazer seus exames por vergonha, principalmente pacientes mais idosas. Mas, sempre digo a mesma coisa, que não podemos ter vergonha de tentarmos ser saudáveis. Uma forma que vejo de amenizar esse desconforto é que a paciente procure uma médica na qual ela se sinta acolhida e não julgada. Uma médica que lhe deixe a vontade, que seja de confiança e que vá lhe explicar tudo que será feito durante a consulta e o porquê de tais exames”, enfatiza Maria.