O trabalho de prevenção, o apoio à saúde mental e o esclarecimento à população estão trazendo resultados expressivos em Orleans. Sete suicídios foram registrados em 2021, já em 2022 esse número caiu para cinco e em 2023 até o momento (setembro) apenas um caso ocorreu na cidade. Esses dados foram levantados pela coordenação do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

Segundo a coordenadora, Ana Regina Zomer, essa queda se dá devido à forma como o município e a imprensa estão lidando com o problema. “Isso é fruto dos bons serviços que prestamos na saúde pública e também da divulgação de campanhas que falam sobre o assunto e como realizar a prevenção”, ressalta.

Conforme os números, nos últimos três anos os homens foram os que mais cometeram suicídio. Em 2021 os sete casos de suicídios registrados envolveram pessoas do sexo masculino. Já em 2022 dos cinco casos quatro eram homens e um era mulher e em 2022 até o momento apenas um homem tirou a sua vida. Os dados mostram ainda que essas pessoas tinham entre 22 e 75 anos de idade.

Saúde Mental nas Unidades Básicas

Orleans, além do CAPS, conta com psicólogos em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e com o Programa Porta Aberta da Fundação Hospitalar Santa Otília. “Nossa cidade é privilegiada nesta área, pois todas as UBSs estão preparadas para receber os pacientes com sofrimento mental. No CAPS nós realizamos o acolhimento dessas pessoas. Se alguém necessitar de ajuda à noite ou no fim de semana o nosso hospital está preparado para atender. Isso faz com que consigamos realizar um atendimento bem integrado e de qualidade”, afirma Ana. Todos esses serviços estão disponíveis gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a psicóloga do CAPS de Orleans, Suzana Hilbert Cascaes Galvane, além dos serviços de saúde mental os familiares podem contribuir na prevenção ao suicídio. Assim, os sinais de alerta aos suicídios devem ser motivo de análise constante.

“Às vezes uma simples fala onde a pessoa diz que está com vontade de sumir ou sair andando sem destino. Ou ela ainda muda de comportamento. Isso é um sinal que esse indivíduo pode em algum momento querer interromper a sua vida”, pondera. O diálogo familiar é uma importante ferramenta e pode colaborar para que o indivíduo não cometa esse ato.  

Atos de amor que salvam vidas

Para o usuário do CAPS, Idilor de Souza, o apoio de um dos seus familiares foi de extrema importância para que ele continuasse querendo viver.

“Depois da morte da minha mulher eu passei então por uma situação muito difícil na minha vida. Estava bebendo muito, tudo o que viesse eu tomava. Em certo momento eu quis dar fim a tudo e ninguém sabia disso. Eu estava sozinho na minha casa até que um dia o meu sobrinho percebeu que eu não estava bem e me orientou para que eu procurasse ajuda. Eu cheguei no CAPS e posso dizer que se não fosse por eles eu não estaria mais aqui”, declara. 

Falar sobre o assunto ajuda a evitar suicídios

Conforme Suzana, uma das maneiras de se evitar o suicídio de um familiar ou conhecido é não ter preconceito de falar com ele sobre o assunto.

“Quem convive com o suicida em potencial e notou alguma diferença no comportamento dessa pessoa precisa encarar o risco existente. Ter uma conversa franca e sem medo de que haja um estímulo para que o indivíduo tire a sua vida é fundamental. E após esse diálogo é preciso que essa pessoa vá procurar um atendimento especializado”, comenta.

Assim, interessados podem entrar em contato com o CAPS de Orleans através do telefone/WhatsApp (48) 3886-0170. Há ainda o apoio do Centro de Valorização à Vida (CVV) pelo 188.

*Texto do acadêmico Cristian Veronez Coan, produzido na disciplina de Texto Jornalístico +. Essa reportagem faz parte do projeto de prevenção e apoio à Rede de Proteção à Vida de Criciúma.