Levantamento feito pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o Brasil teve a menor taxa de registro de nascimento no mês de janeiro desde 2002. No total, foram registrados 207.901 nascimentos, redução de 15% em comparação ao mês de janeiro de 2020.

A pandemia do novo coronavírus está sendo um desafio para todos, mas para mulheres que engravidaram nesse período seus receios são mais específicos. Com o peso das medidas restritivas e do isolamento social elas tiveram que fazer mudanças de hábitos.

“Minha gravidez não foi planejada, quando descobri foi um susto porque não estávamos esperando. Quando chegou a pandemia eu estava com sete meses de gestação e quando parou tudo ficou difícil. Não tínhamos muitas informações sobre a pandemia então a gente se preocupa, como sou professora de educação física tive que me adaptar as aulas online”, explicou Mariana de Medeiros Dias.

Algumas coisas tiveram que ser mudadas. No parto, por exemplo, Mariana não pode receber nenhuma visita nos dias em que ficou no hospital, somente seu esposo como acompanhante. Eles ficaram em um quarto individual para não ter contato com ninguém, além de funcionários do hospital.

“Minha gestação foi tranquila, quando a Letícia nasceu os médicos e enfermeiras foram muito cuidadosos com a gente, apenas minha mãe me ajudava nos primeiros meses. Nesse período tivemos bastante aprendizado, como somos pais de primeira viagem tivemos que aprender juntos e deu tudo certo”, explicou Mariana.

A tentativa de criar novas rotinas

O retorno ao trabalho é uma das maiores preocupações das mães quando o seu filho nasce. Com Mariana não foi diferente, ela teve que cortar metade das suas horas semanais como professora para conseguir ter mais tempo e flexibilidade nos horários para cuidar de sua filha. Com Letícia crescendo foi preciso ir para uma creche de período integral.

“Letícia foi o maior presente que poderia ter acontecido com a gente, ela com seu sorriso contagiante nos dá forças para encarar um dia após o outro nesse momento tão difícil que estamos vivendo”, ressalta a mãe.

A gravidez da acadêmica Grazieli Boselo, 20 anos, foi logo após o início da pandemia. Isso a impediu de fazer chá de bebê e fez com que trancasse o curso superior no início de 2021.

“Quando descobri foi um choque. Apesar de ter receio na fase inicial da gravidez recebi muito apoio de meus familiares, amigos e isso me ajudou muito. Minha mãe foi a que mais me acolheu. Quando fui falar sobre a gravidez, ela já tinha notado alguns sintomas, optei por ela estar junto comigo durante o parto porque me sentiria mais confortável e confiante dessa maneira”, contou Grazieli.

A gravidez gera um amadurecimento muito rápido, mesmo para as mães que engravidam com uma idade mais jovem como foi o caso de Grazieli. “Mesmo de uma forma indireta existe um julgamento da sociedade por não ter mantido um relacionamento com o pai da criança e por ser uma mulher nova, mas a Pietra transformou a minha vida, amadureci muito durante a gravidez e apendi a lidar melhor com algumas situações”, relatou.