Mais segurança dentro das minas de carvão. Esse é o objetivo da Instrução Técnica desenvolvida dentro do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), da acadêmica Isabela Euzébio de Souza, de Engenharia Elétrica do Centro Universitário Satc (UniSatc). O trabalho, que contou com a participação de um grupo de trabalho, foi apresentado para as mineradoras do Sul de Santa Catarina e deve virar Norma Técnica para a segurança em aterramentos de mina.
O trabalho nasceu após uma demanda da própria indústria. Em uma das fiscalizações do Ministério Público em uma mina da região, se verificou a necessidade de uma norma específica para o aterramento em minas de carvão mineral. Como no Brasil não havia nada parecido, o curso de Engenharia Elétrica da UniSatc foi acionado.
“Foi realizada uma grande pesquisa bibliográfica pra descobrir se havia algum modelo aplicável no Brasil. Encontramos estudos que se encaixam com as condições do Brasil. Com ajuda de um grupo de trabalho que foi formado, realizamos simulações e confeccionamos uma instrução técnica que orienta a forma correta para o aterramento em minas de carvão”, conta o professor doutor, Vilson Coelho, orientador do projeto.
A necessidade que partiu das empresas, além de produzir um estudo acadêmico, deve virar uma Norma Técnica em breve.
“Após algumas fiscalizações o Ministério Público fez algumas exigências e uma delas era sobre a parte de aterramento. No Brasil não existiam normas para subsolo, por isso, com ajuda do pessoal do curso de Engenharia Elétrica se pesquisou uma norma semelhante no mundo. As mineradoras já estão analisando o documento confeccionado e depois ele será apresentado para que vire uma NBR específica. A intenção é que isso vire um modelo de instrução para ser utilizado em todas as minas”, afirma o assessor técnico do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc), Márcio Zanuz.
Trabalho com fins acadêmicos e industriais
Além do trabalho teórico, que teve início em 2019, foram necessárias também visitas técnicas, medições em campo e simulações que permitiram dar suporte ao trabalho desenvolvido que é inédito nesta área no Brasil.
“Os pontos que a gente mais explorou foi basicamente o aterramento dentro da mina, como que ele funciona e quais seriam as consequências para quem estaria operando a máquina. A gente trabalhou com os piores casos. E como resultado a gente conseguiu descobrir como aterrar cada equipamento e qual a forma de não apresentar risco”, explica a acadêmica Isabela Euzébio de Souza.
A próxima etapa do projeto será realizada pelos engenheiros eletricistas de cada mineradora, que analisarão as adequações necessárias às instalações elétricas para colocar em prática o que foi descrito na Instrução Técnica.
“Este tipo de projeto mostra que é possível encontrar soluções seguras e confiáveis para os problemas de diferentes tipos de indústria em parceria com a academia. Estas iniciativas contribuem também na formação de professores e acadêmicos no sentido de entender melhor quais são as necessidades de mercado”, reitera o coordenador do Curso de Engenharia Elétrica da UniSatc, André Tavares.