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Nosso planeta continua passando por grandes transformações em áreas consideradas estratégicos para a nossa sociedade, como é o caso do setor elétrico que faz conexão com transportes, geração, transmissão, distribuição de energia. Estas transformações são de grande importância, principalmente para as próximas gerações, no sentido de oportunizar a mesma qualidade de vida que temos atualmente.

Desta forma, iniciativas como os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) visam transformar a forma como viveremos nas próximas décadas, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental, adotando padrões de consumo energéticos mais adequados à nossa sociedade.

Neste contexto de transformações, encontra-se a descarbonização da matriz elétrica, o que já está acontecendo fortemente a nível mundial e também no Brasil.

Como o Brasil está em relação ao setor elétrico?

Pode-se citar como exemplo, do caso brasileiro, a inclusão em massa de energia renovável intermitente na matriz elétrica brasileira (eólica e solar) nos últimos vinte anos. Esta expansão ocorre tanto na geração de grande porte (concentrada) como de pequeno porte (distribuída).

Vale citar um exemplo que deixa claro esta mudança, segundo dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro) em 2000, somadas a geração a geração eólica e fotovoltaica não chegava a 1% da matriz elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Vinte anos depois, este mesmo percentual alcançou 10,7 % da matriz em 2020. O que demostra uma forte tendência deste tipo de geração a nível nacional.

Há fatores positivos nesta mudança, mas há também cuidados necessários principalmente no sentido de manter a segurança energética. A operação desta nova rede é mais complexa, já que este tipo de geração é intermitente, sendo necessário também algum tipo de backup para gerar energia em momentos em que este tipo de sistema não está gerando.

Além da geração em usinas de grande porte, houve nos últimos anos o surgimento da geração distribuída, que seria em menor escala e gerada pelo próprio consumidor.

Com isto, surgem novas demandas de mercado, antes o consumidor não podia assumir o papel de protagonista no processo de geração de energia. Hoje a realidade mudou, este mesmo consumidor pode tornar-se um prosumidor, gerando sua própria energia em determinados períodos e consumindo da concessionária em outros.

O que está sendo produzido nacionalmente?

Outra mudança que afeta também o setor elétrico é o transporte, principalmente nos grandes centros urbanos, este processo é chamado de eletrificação do transporte. Este último, tem o intuito de reduzir às emissões de gases poluentes e de micropartículas que causam diversos problemas à saúde humana.

Desta forma, muitos países como é o caso da Noruega, está migrando sua frota para veículos 100% elétricos, utilizando desta forma menos petróleo e mais eletricidade. O impacto disto se dará em vários níveis: no consumidor, na indústria, nas distribuidoras e nos serviços associados à eletricidade.

Devido às mudanças que foram expostas, é necessário adequar a forma como os projetos elétricos são desenvolvidos. Tanto no meio industrial como residencial para que estejam em harmonia com estas mudanças no setor elétrico e as que virão.

Atualmente, por exemplo, deve-se considerar nestes projetos, a possibilidade da instalação de geração distribuída ou estações de carregamento de veículos elétricos, o que há poucos anos atrás era impensável. Aspectos econômicos que antes não eram colocados como prioridades nos projetos, como o ambiente de contratação da energia, no ambiente livre ou regulado, também devem ser previstos desde a fase inicial de concepção do projeto.

O que evoluiu no setor elétrico?

Num passado não tão distante, um projeto elétrico era desenvolvido por meio de pranchetas, migrou-se para softwares CAD e atualmente grande número de empresas está adotando ferramentas baseadas no método BIM. A evolução das ferramentas utilizadas no desenvolvimento do projeto é de extrema importância no processo, mas não é fator único.

É necessário também, profissionais atentos a todas a estas mudanças de mercado e da sociedade e que apliquem as melhores práticas considerando fatores como: segurança, conforto, tecnologia, economia e o impacto ambiental.

Desta forma, estes projetos serão reconhecidos pela sociedade, ainda, contribuirão com que a nossa sociedade continue evoluindo de uma maneira mais sustentável.

André Abelardo Tavares

Professor Dr. em engenharia elétrica e coordenador da Pós-Graduação em Projetos Elétricos UniSatc.