Ao longo da história as mulheres com sua resistência foram conquistando respeito no esporte, enfrentando obstáculos sociais, culturais, falta de apoio e tantos outros preconceitos. Com as dificuldades que sofrem dia após dia, acabam se tornando inspirações para futuras atletas. Mas, as lutas femininas continuam para que assim consigam uma igualdade real.  

Pa Mestre Internacional Feminina de Xadrez e professora, Kathiê Goulart Librelato, ser atleta no Brasil não é fácil, ainda mais em esportes não hegemônicos. Em sua modalidade aprendeu a enfrentar homens de igual para igual, sendo assim, mais um espaço para mostrar que as mulheres são igualmente capazes. 

“Muitas meninas já passaram por situações misóginas e ficaram receosas de estarem em ambientes que consideram pouco acolhedores, que pode ser o caso do xadrez. Um esporte com competições abertas sem distinção de gênero ou idade, onde o público feminino costuma ser a minoria. Felizmente, tive bastante apoio desde o início da carreira, tanto familiar como público, mas sei que esta não é uma realidade comum”, relata Kathiê. 

Ser uma mulher no esporte para a paratleta profissional, Maryele Cardoso, é constantemente ter que mostrar a capacidade duplamente. Mesmo nos dias atuais o gênero feminino ainda é visto como a dona de casa, tendo que saber limpar e cozinhar. Então para Maryele ser uma atleta é necessário ser forte, se dedicar, ter garra, para que vença a barreira cultural que ainda possui. 

“Nós ainda somos muito sexualizadas, no começo da minha carreira eu via comentários de outros atletas e de colegas de profissão. Mas, as dificuldades são superadas a partir do momento que você amadurece, sabendo fazer suas gestões de emoções e se posicionando perante a isso. Se fosse atualmente eu teria me portado diferente, pois antigamente eu ignorava porque era mais fácil, mas hoje eu questionaria, pois acontece fatos parecidos não só no esporte, mas também no dia a dia”, frisa a paratleta. 

Muitas mulheres ao passarem por várias situações, acabam se reprimindo e se sentindo culpada mesmo não sendo responsáveis pelos preconceitos que ocorrem. Maryele relata que com a maturidade obteve segurança, adquiriu a liberdade e também assim aprendeu a aceitar o seu corpo. 

“Minhas conquistam vão muito além de troféus e medalhas, ganhei a segurança e entendi que é muito mais sobre o outro, normalmente masculino e não sobre nós. Depois que passamos por essa barreira, conquistamos liberdade e leveza porque entendemos que se o outro enxerga a gente com esses olhos o problema é da pessoa. E hoje eu sei a mulher que sou, sei a minha honra e fragilidades, não só como atleta, mas como uma pessoa com deficiência”, ressalta a paratleta. 

No mercado de trabalho, no dia a dia, em amizades, família e em todas as áreas da vida, as mulheres passam por dificuldades e precisam saber se posicionar. “Se é o teu sonho e você está disposta a fazer o que precisa ser feito, não importa o que os outros falam, porque ninguém tira a sensação de subir no pódio e receber a medalha, todo o sacrifício vale a pena. Então quando estiver triste e desanimada você pensa que vai subir daquele pódio e quando você vai lá e consegue não tem preço que pague”, finaliza Maryele.