Uma das ONGs mais antigas do País, fundada em São Paulo em 1962, o CVV (Centro de Valorização da Vida) atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, de forma online pelo site da CVV ou por atendimento presencial nos mais de 120 postos no Brasil. É uma associação civil sem fins lucrativos, reconhecida como utilidade pública federal.

O lançamento do número 188, que hoje tem critério de contato nacional, deu-se em 2015 com o primeiro Setembro Amarelo (mês dedicado a campanhas de prevenção ao suicídio) no Brasil, iniciando no Rio Grande do Sul. Esse número, por sua vez, iniciou sua expansão em 2017 para o restante do País, concluído em 30 de junho de 2018.

Em Criciúma, a CVV existe há 19 anos e o seu posto de atendimento fica na Rua Cel. Pedro Benedet, Edifício Martinho Acácio Gomes. O voluntário presta um plantão de quatros horas semanais. O atendimento segue sempre as premissas básicas do programa, ou seja, sigilo e anonimato. Em 2018, o CVV iniciou um programa de atendimento remoto e por conta da pandemia esse formato expandiu-se de forma mais rápida ainda.

Portanto, o CVV disponibiliza que os voluntários atendam via telefone no posto CVV em cada cidade ou remotamente. O atendimento via chat ocorre somente de forma remota. Ainda há muitos voluntários que atendem seu plantão no posto, por preferência ou conveniência. Em quaisquer destas modalidades, é necessário que o voluntário esteja num ambiente silencioso, tranquilo, que permita concentrar-se no diálogo com quem procura a ajuda.

Voluntários se dividem no atendimento

Carlos Alberto Fernandes é voluntário do CVV Criciúma há seis anos. “O início foi a busca por participar de algo que seja relevante para a sociedade, contribuir para que tenhamos um mundo mais fraterno, empático e solidário. Ouvi pelo rádio uma entrevista de um voluntário na época e fiquei interessado em conhecer melhor a filosofia empregada pelo CVV. Fiz o PSV (Programa de Seleção de Voluntários), fui aprovado, conheci os fundamentos que regem o programa e estou até hoje”, relata Fernandes.

Regularmente são realizadas reuniões com os voluntários, é uma constante busca de conhecimento e aprendizado. Para Fernandes, a experiência de trabalho junto a uma entidade como o CVV proporciona mudanças profundas e positivas no voluntário em si, que passa a perceber o mundo com os olhos da ação, do acolhimento e da empatia.

Um fato importante ao vivenciar e fazer parte de uma ONG como o CVV é que no decorrer do tempo percebe-se que a ajuda se torna mútua, acrescentando na vida do próprio voluntário. “O autoconhecimento, a expansão de consciência, a inteligência emocional, enfim, todo conhecimento prático que vivenciamos nesse voluntariado é algo que todos deveriam ter a oportunidade de conhecer”, reconhece Fernandes.

Serviço impactante do CVV

Será que a sociedade percebe sua fragilidade em lidar com a saúde mental? O suicídio é profundamente grave tanto para quem tenta executar o ato quanto para familiares, amigos e colegas, bem como para a sociedade inteira. Essa é uma questão levantada por Roberto Caldas, que vive em Portugal e é voluntário do CVV desde 2014. Ele iniciou pelo modo de atendimento telefônico quando estava no Brasil.

Mesmo agora morando em outro País, consegue continuar sendo voluntário realizando o atendimento online via chat do site da ONG.

“O despertar para o trabalho neste campo ocorreu após uma palestra do jornalista e orador André Trigueiro num congresso no Rio Grande do Sul. Até então eu não possuía o menor entendimento sobre este problema. Era um ignorante absoluto da questão. Este orador apresentou uma série de dados estatísticos densos, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera uma questão de saúde pública mundial, pois cerca de 700 mil pessoas cometem suicídio anualmente”, ressalta Caldas.

Para ele, é preciso agir, superar a insensibilidade e a ignorância frente ao tema. É parte vital neste processo de evitar tanta dor, tanto sofrimento, como o que se verifica quando de uma ocorrência de suicídio. “Somente a disseminação de informações sobre prevenção e posvenção do suicídio e a indicação dos pontos de apoio tanto na saúde pública quanto em entidades privadas ou movimentos de trabalho voluntário podem reduzir ou quem sabe até mesmo eliminar este problema tão delicado”, afirma.

Roberto Caldas ainda acrescenta que “os tabus e mitos são imensos. A estrutura de saúde pública ainda deixa muito a desejar e a vida em si das pessoas, nestes tempos extremamente desafiadores, muitas vezes cobra um preço alto em relação à saúde emocional”. 

Atendimento CVV

Serviço 24h e gratuito

Número para ligação 188, ou on-line pelo site www.cvv.org.br (por chat ou e-mail). Presencialmente nos mais de 120 postos. Mais de 3 milhões de atendimentos anuais

Cerca de 4 mil voluntários. Nos 24 Estados mais o Distrito Federal. No site encontra-se um material vasto sobre prevenção, inclusive vídeos classificados por temas

*Texto do acadêmico Messias Fernandes, produzido na disciplina de Texto Jornalístico +. Essa reportagem faz parte do projeto de prevenção e apoio à Rede de Proteção à Vida de Criciúma.