O agosto dourado reforça a importância da amamentação. O assunto, que para alguns é tabu, representa um dos momentos mais fortes na relação entre mães e filhos. O tema, que nem sempre é fácil de ser abordado, traz consigo diversas experiências de diversas mães. Uma delas é a psicóloga Ananda Figueiredo que tem uma filha com dois anos e oito meses.

Conforme Ananda, que optou por amamentar sua filha, o processo de amamentação vai muito além de criar um vínculo com o bebê. “Minha relação com a amamentação vem das minhas escolhas profissionais e pessoais. Para mim amamentar é uma escolha pessoal. Não é somente sobre amor, nem só uma forma de criar um vínculo. E sim uma escolha autônoma de como você quer se relacionar com seu filho e seu corpo. A escolha de amamentar deve ser feita pela mulher, dentro das suas capacidades, objetivos e sobre a maneira de se relacionar com o seu próprio corpo”, contou. 

De acordo com a psicóloga, a amamentação ainda é um tabu nos dias de hoje e falar sobre esse assunto pode gerar um incômodo nas pessoas.

“Falar sobre amamentação ainda é um tabu. A criança vai sentir fome em lugares públicos e as mães vão ter que colocar o peito para fora para alimentar a criança e isso gera incômodo nas pessoas. O que, de certa forma, eu vejo como uma coisa boa pois caso as pessoas estejam abertas, pode gerar um diálogo legal sobre o corpo da mulher. Cada vez que uma mulher amamenta seu filho em um lugar público ela vai tencionar as estruturas que sustentam o silenciamento de mulheres e também de toda a classe operaria. No fundo é só um peito, é só uma criança sendo alimentada. Não tem nada de a ser sexualizado”, explicou. 

Impasses da amamentação

A maternidade em si já é composta por algumas inseguranças e preocupações por parte das mães. Portanto, segundo elas, a maior preocupação acaba sendo o parto e acabam esquecendo de se preocupar com a amamentação. Esse foi o caso da mãe Solange Bianchini. Segundo ela, o processo foi difícil e só conseguiu realizar as etapas da maternidade por conta da sua rede de apoio. 

“No início foi bem difícil, reconheço que é um momento de adaptação entre mãe e filho. Sempre temos medo de saber se a criança vai conseguir pegar certinho, se vai ter leite, se não vai machucar, entre diversas outras coisas. Se eu não tivesse a rede de apoio que eu tive, eu não teria conseguido. Eu me preparei muito para o parto e acabei deixando a amamentação um pouco de lado, estudei um pouco, mas acabou sendo a parte mais difícil”, comenta ela.

A rede de apoio, com outras mães é fundamental para dar suporte. “Chega um momento que você começa a dar mais valor as mães. Minha experiência com a maternidade me fez notar que tudo tem seu tempo, me fez respeitar o tempo do meu bebê. Confesso que no início, como mãe de primeira viagem eu me assustava muito, pensava “ah porque que não está andando”, “porque que não está fazendo aquilo”, comparava com outros bebes da mesma idade. Até me desligar e deixar acontecer de forma mais natural e sem pressão”, contou Solange.

Importante entender sobre amamentação

Também mãe de primeira viagem, Maressa Matos, viveu momentos diferentes. Ela procurou se informar sobre a amamentação antes do parto e teve auxílio das enfermeiras na hora da primeira mamada.

“Busquei ajuda de uma consultora de amamentação assim que meu bebê nasceu. No hospital também as enfermeiras foram essenciais, nos ensinando a pega correta e os primeiros cuidados com os seios. Tive dores, ductos entupidos, mas sei o quão importante é para o meu bebê, por isso superamos a cada dia as adversidades e nossa trajetória está sendo maravilhosa. Poder alimentar meu bebê é uma sensação inexplicável, criamos um forte vínculo e por mais que as vezes seja dolorido e cansativo saber que ele está se desenvolvendo com muita saúde e os seus olhinhos de felicidade recompensam tudo”, relatou Maressa. 

Doar leite é doar amor

Nem todas as mães, após dar à luz, já conseguem produzir o leite humano. Por conta disso existem lactantes que se disponibilizam a doar o leite nos hospitais. Maressa, tento consciência essa situação, está doando leite materno há seis meses.

“Acredito que a doação é muito importante, tanto que sou doadora! Sei que é extremamente importante os bebês recém-nascidos receberem esse leite, principalmente aqueles que estão em UTIs. O leite materno auxilia em uma recuperação melhor e mais rápida”, contou.