4.447. Esse é o número de pessoas que se autoidentificaram como quilombolas no estado de Santa Catarina, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados, divulgados no dia 27 de julho deste ano, apontam que essa população se encontra em 28 dos 295 municípios do estado, representando 0,06% dos cidadãos catarinenses.
Essa foi a primeira vez que o IBGE incluiu em seu questionário perguntas para identificar esse grupo de pessoas. Agora, as informações divulgadas podem ser utilizadas para implementar políticas públicas em Santa Catarina. Na região do extremo sul catarinense, o município de Praia Grande se destaca, visto que 244 moradores se reconhecem como quilombolas, representando 3% da população da cidade.
“Com a publicação desses dados, nós esperamos que nossa cultura seja de conhecimento para todo o país. É importante que saibam que muitos de nós ainda estamos aqui, lutando pelos nossos costumes, músicas, danças e alimentos. Preservar as raízes do nosso povo é essencial para manter séculos de história vivos na mente das próximas gerações”, destacou a presidente da Associação de Remanescente do Quilombo São Roque, Maria Rita dos Santos.
A comunidade de Pedra Branca, como é conhecida na cidade, foi formada com a fuga dos escravos que desciam de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul. Em 2004, São Roque foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural dos Palmares. Pouco depois, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) fez a parte de delimitação de terra através do decreto número 4.887.
Diversidade cultural
Segundo a diretora de Assistência Social de Praia Grande, Silvana Scandolara, ações para manter as tradições quilombolas já eram realizadas no município. “Nós reunimos idosos e crianças em uma oficina de roda de conversa para uma troca de conhecimento. As pessoas de mais idade contaram sobre como era a vida antigamente nos quilombos, quais eram suas brincadeiras favoritas, o que eles mais gostavam de fazer no dia a dia, tudo isso para preservar a cultura. E as crianças não ficaram de fora, também compartilharam suas experiências e construímos uma colcha de retalhos”, afirma.
Mas com a chegada da pandemia, as atividades com a comunidade se encerraram. Atualmente, a Secretaria de Assistência Social busca formas de voltar à ativa. “Muitos outros programas eram realizados para as famílias quilombolas da região, como o Alimenta Brasil. Então nós esperamos que, com esses dados, mais recursos sejam disponibilizados para voltarmos com nossos planejamentos”, completa Silvana.
Fotos: Arquivo Governo de Santa Catarina / Prefeitura de Praia Grande