Projetos de duas acadêmicas do curso de Design da UniSatc extrapolaram os espaços do Centro Universitário. As pesquisas de Veronica Sharen Mercado Barrios e Sabrina Anacleto de Oliveira demonstram como o Design Social pode transformar realidades. Peças com formas geométricas e abstratas, que servem para encaixar e estimular a brincadeira criativa, são a proposta de Verônica. Elas têm, portanto, como foco auxiliar as crianças em tratamento com leucemia. Já o trabalho de Sabrina foi desenvolver uma superfície sensorial que facilita o aprendizado dos alunos com paralisia cerebral.
As duas acadêmicas do curso de Design participaram das construções dos trabalhos ao longo de 2021. Nas disciplinas de Projeto Final de Curso (PFC) 1 e 2, nos dois semestres do ano, foi possível construir as ideias. “Queria criar um produto utilizando modelagem 3D, uma área do meu interesse e que eu gosto muito. Então, por sugestão da família veio a ideia de tentar algo na medicina. Na disciplina foi possível entender melhor”, comenta Verônica.
O processo para Sabrina também foi semelhante. Sabia que gostaria de trabalhar com algo que envolvesse as causas sociais, mas não tinha ideia do que. “Iniciei as pesquisas e percebi como o Design pode ajudar as pessoas com deficiência. Fui para o Design de Superfície e escolhi trabalhar com as crianças com paralisia cerebral porque tem pouca coisa sobre isso”, ressalta Sabrina.
Estimular o faz de conta
Assim, com as pesquisas em desenvolvimento e a orientação do professor Rodrigo Casteller, Verônica foi em busca de algo que encantasse. “Tive a ideia de fazer peças em formas geométricas ou abstratas. Algumas delas com encaixes para estimular a brincadeira do faz de conta na criança”, afirma a acadêmica.
Ela criou 55 peças modeladas em 3D. Todas com cantos arredondados para proteção da criança. Conforme Verônica, o Design Social contribui para resolver problemas. “Queria contribuir de alguma forma com a humanização do tratamento quimioterápico infantil, fazendo e entregando o projeto sem qualquer fim lucrativo”, pondera a jovem designer.
A entrega final foi realizada por meio de um arquivo online, onde o projeto das peças em 3D pode ser baixado. “Esse material pode ser acessado por vários hospitais que tenham interesse em buscar o conteúdo”, explica Verônica.
Mas as peças ainda foram feitas em 5 tipos de cores diferentes para chamar a atenção dela e levando em consideração os efeitos psicológicos e simbólicos.
Hora de retribuir com o Design
Em 2014, Sabrina descobriu o Bairro da Juventude após buscar um curso gratuito que gostaria de fazer. Ela tinha 16 anos e começou a fazer o curso de Programador de Computador. Então, virou jovem aprendiz, foi trabalhar na Biblioteca do Bairro e depois se tornou funcionária. “O Bairro me deu o início. Permitiu que eu fizesse o curso, que tivesse um emprego e minha primeira renda. Consegui, portanto, comprar um computador e depois pagar o cursinho de Design que me fez entender que era o que eu gostaria de fazer”.
A escolha pelo tema do PFC fez ela resgatar o amor pelo Bairro, mas retribuiu tudo que ele proporcionou em sua vida. “Hoje uso meu trabalho para devolver isso. Quero que as outras crianças também tenham a oportunidade que eu tive”, comenta.
Sabrina criou a Luda, palavra originada de lúdico, design e acessível, uma superfície sensorial que facilita o aprendizado das crianças com paralisia cerebral. A orientação foi da professora Solange Bianchini.
O objetivo é permitir assim que as crianças assistidas no Atendimento Educacional Especializado (AEE) tenham mais condições para aprender. Durante o processo de criação, a acadêmica produziu três opções de peças, com diferentes tamanhos e formas e levou para que os alunos pudessem experimentar. “Foram observados critérios que envolviam a usabilidade, sensorialidade e a parte educativa, que contribuísse para a alfabetização das crianças”, revela.
Então, a partir da peça escolhida, ela desenvolveu o projeto, os materiais com a superfície sensorial, atendendo aos requisitos do AEE.