Por trás do glamour e estrelato dos grandes nomes da música, existe uma trajetória de esforço, dedicação e desafios. Em uma era dominada por superproduções e artistas conhecidos por multidões, é cada vez mais difícil que a atenção se volte para os talentos emergentes. Nesse momento, suas músicas ainda não dominam as paradas, mas esses artistas estão no início de uma jornada que, aos poucos, começa a ganhar forma. Nomes como o de Vitória Daitx Teixeira e João Luís Rosso Izidoro começam a se destacar e a mostrar o que têm a oferecer para o cenário musical.

 Desde os seus cinco anos Vitória Daitx Teixeira já sentia uma ligação especial com a arte. A princípio, essa vontade de estar próxima da música vinha dos filmes com o gênero musical entrelaçado. Nesse meio, as principais obras que a acompanharam, no começo dessa formação artística, foram “High School Musical” e “Camp Rock”. Com o passar dos anos, a ligação foi se tornando mais forte. Assim, aos 10 anos, as aulas de violão passaram a fazer parte da sua rotina, e aos 13 anos as aulas de canto chegaram para aprimorar as suas técnicas. “Foi nesse período da minha vida que eu realmente comecei a querer trabalhar com isso”, relata Vitória.

Todavia, a maturidade e o alinhamento com seus estudos ainda não haviam chegado em acordo para iniciar uma jornada voltada ao trabalho musical. Mas a vontade sempre esteve presente dentro de sua mente e seu coração, assim, quando fez 17 anos teve suas primeiras pegadas marcadas no cenário musical. Esse período levou algumas de suas composições a serem lançadas nas plataformas de streaming, sendo o Spotify e o YouTube com mais destaque.

De um outro lado desse meio artístico existia um garotinho com 11 anos que sempre foi muito expressivo e comunicativo, que gostava de apresentar trabalhos e falar em público. E para incentivar o lado da comunicação a professora elaborou uma ideia para que a classe escrevesse um poema e declamasse na frente dos colegas. Nesse momento, o garoto decidiu que iria recitar um poema feito na hora. Para sua surpresa, a turma entrou na “vibe” com as rimas que ele lançava, e assim esse dia ficou marcado em sua memória como algo que o motivou a seguir nesse meio. Hoje, o jovem de 21 anos, chamado João Luís Rosso Izidoro, tira uma parte do seu dia para treinar rimas. Para ele, esse lado mais freestyle surge como uma forma de levar uma mensagem, sempre com o intuito de escrever coisas que possam impactar e elevar a autoestima das pessoas à sua volta.

“Elevar o astral de uma pessoa, melhorar o dia de uma pessoa. Esse é o meu objetivo, que me motiva a continuar dedicando tanto tempo a isso”, explica Izidoro. Nesse contexto de motivação, o jovem reforça que toda a sua família o apoia nesse caminho, mesmo que alguns membros, como o pai, tenham sido relutantes no início. De acordo com ele, o pai teria suas considerações em relação aos riscos de viver de arte no Brasil, e desse modo só cedeu quando o filho concordou em nunca parar de estudar. “Continuar estudando, continuar trabalhando e sempre fazendo música”, essa era a jornada que ele estava e está traçando em seu caminho no meio artístico. Izidoro revela que sempre que tem apresentações ele já tem um público fixo, presente em todos os momentos das suas rimas. “Eles sempre estão ali compartilhando, assistindo. Então, é algo que me faz muito mais forte”.

Suporte e estrutura no repertório musical

Para Vitória, a história não muda muito, só os personagens que seriam diferentes em sua plateia. “Por mais que o resto da minha família não esteja nesse ramo musical, tanto meus pais quanto as minhas irmãs, super me apoiam”. Seja para levar a aula de canto, seja para assistir a uma de suas performances, os rostos se fazem presentes, e assim o apoio emocional se torna constante. “Eles estão sempre do meu lado. Por mais que não estejam nesse ramo, eles me apoiam bastante!”. Entretanto, alguns suportes externos lhe faltam para divulgação de suas músicas. Não existe uma entidade ou alguma lei, como a de Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022), que a ajudam a alavancar a carreira. Mas enquanto o suporte não chega, a moça investe o salário em suas músicas, com a ajuda dos pais em alguns casos.

 Na criação de suas próprias trilhas sonoras

“A inspiração para a composição das minhas músicas vem das experiências que eu vivo na minha vida”, evidencia Vitória. Desse modo, as letras de suas canções desempenham uma função essencial de eternizar parte dos momentos mais marcantes em sua vida. Além de ser um meio para guardar experiências felizes e tristes, suas composições servem para desabafar seus sentimentos mais profundos e pessoais. “Quando também há algo triste, alguma coisa que me deixa mal e eu quero desabafar, eu também escrevo para conseguir ressignificar esses momentos”.

Assim, com as variações de significados em suas letras, Vitória alcança estilos/gêneros como o indie, pop e MPB. “Eu sempre transito entre esses três gêneros. Mas, às vezes, eu também gosto de um pouquinho de rock. Então é uma mistura”, comenta. Nesse caminho de criação, alguns artistas se tornam referências. Olivia Rodrigo e Taylor Swift seriam suas inspirações internacionais, e Clarice Falcão seria a sua brasileira. Para a artista emergente, essa escolha seria pelo fato de adorar “o jeito que ela escreve, o humor e a sinceridade que ela usa nas letras dela”.

No caso de Izidoro, ele revelou que o seu estilo musical varia muito, mas se tivesse que optar por alguns artistas que inspiram nas suas obras, ele iria pelo conceito lírico que os artistas como Beatles, Bob Marley e Renato Russo colocam em suas letras. “São grandes nomes que me influenciam bastante”.

Energia contagiante dos primeiros shows

Em seus primeiros passos no estrelato, Vitória relatou que já participou de um Festival da Canção de Cocal do Sul, onde utilizou de uma música autoral para conquistar o terceiro lugar. Com um pouco mais de prática e confiança, ela levou a sua arte a um novo patamar, trazendo o primeiro lugar da premiação do Femusa da Sociedade Assistência aos Trabalhadores do Carvão (SATC) para o seu álbum de vitórias. Além deste evento, ela participou da Noite Cultural, também na SATC, e de outras apresentações antes das aulas começarem na faculdade. Todas essas experiências que passa, ficam de bagagem para sua carreira, e com isso Vitória tem como uma das metas pesquisar mais e aprender mais para conseguir ter a oportunidade de divulgar o seu material para o país todo.

A Noite Cultural também fez parte da trajetória do Izidoro. No dia 31 de outubro de 2024, os jurados da SATC, assim como os estudantes da plateia, ficaram fascinados com a sua apresentação. Então, quando chegou o momento de escolher o vencedor da categoria de música autoral, a escolha não poderia ser outra para o primeiro lugar. “A galera foi extremamente receptiva, a plateia fortaleceu muito, me animou muito, correspondeu a minha expectativa, então foi bem legal, gostei bastante de ter participado”, lembra. Outro momento que fez parte do seu caminho na música foi quando participou do Festival Simbala, organizado por alguns amigos. Apesar de ter apresentado somente uma música, o público entrou “na onda” da sua rima improvisada. “Foi maravilhoso!”, define Izidoro.

Texto: Letícia Cardoso

Fotos: Dandara Letícia Gonçalves; Kaue de Oliveira