No mercado da moda, as tendências costumam retornar depois de um determinado período. Por exemplo, as calças de cintura baixa, que eram populares nos anos 2000 e voltaram a estar em alta recentemente. De acordo com a designer de moda Mariana Duarte, esse fato ocorre porque o mercado da moda é cíclico e as tendências reaparecem com algumas mudanças. 

Na infância da designer, ela utilizava uma tendência que ainda é adepta nos dias de hoje. “Com oito ou nove anos de idade eu usava crocs. E hoje, com 25, uso também. Só que na época, o crocs tinha um solado baixo, era feito de EVA. Hoje continua sendo feito de EVA, mas tem um solado alto, tratorado e até tem bottons para colocar”, conta Mariana.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, a também designer de moda, Caroline Junkes, acredita que os estilos voltam a despertar interesse geralmente em um período de 15 a 20 anos. “Isso acontece porque a geração que teve contato com aquela estética no passado cresce, ganha poder de consumo, influência, e começa a resgatar referências que marcaram a sua infância ou adolescência. Os estilistas e as marcas também recorrem a elementos antigos porque já sabem que foram aceitos pelo público anteriormente”, afirma.

A internet desempenha um papel fundamental em como a moda se espalha, principalmente por causa das redes sociais. “Antes, a gente dependia muito de revista, televisão ou desfiles para ver novidades. Agora, basta abrir o Instagram ou o TikTok, que aceleram esse processo de um jeito impressionante. Uma tendência que antes levava meses para chegar nas ruas, hoje pode viralizar em dias, às vezes até horas”, explica a designer.

Filmes e séries também influenciam na rotação de estilos. “Com a crescente dos adolescentes assistindo filmes mais antigos, novas visões de moda vão ressurgindo. Um exemplo é a série Stranger Things, que ajudou a popularizar novamente o estilo dos anos 80″, esclarece Mariana. 

Impacto negativo ao meio ambiente

A produção de novas peças desencadeadas pelo surgimento de tendências impacta negativamente o meio ambiente. Isso acontece devido ao processo de fabricação de peças que gera resíduos têxteis. 

Na visão de Caroline, é preocupante a velocidade que surgem as novas tendências e como isso é prejudicial para o meio ambiente. “Minha preocupação com esse consumo exacerbado é o meio ambiente. A indústria têxtil ocupa o segundo lugar no mundo que gera mais poluição, perdendo somente para o setor de petróleo e gás. Me preocupa como será isso daqui mais oito anos se continuarmos nesse ritmo acelerado de consumo”, conclui.