Os hobbies não são apenas maneiras de externalizar sentimentos e exercitar a criatividade. Uma pesquisa divulgada pela Nature Medicine, destaca a importância dos hobbies para dar suporte à saúde mental positiva de maneira prolongada. A publicação também salienta que as recompensas de uma saúde mental de qualidade são benéficas para a melhora na condição de vida da populaçao.
É importante que a escolha da atividade não se relacione diretamente com ações que são obrigatórias no dia a dia. “O sujeito tem que se conhecer, entender o que ele busca num hobby. Quais são os gostos dele com as coisas que não tem relação com o trabalho. Por exemplo, se é alguém que gosta da natureza, é interessante associar a isso. Caminhar, correr, pedalar, poderiam ser opções”, exemplifica o psicólogo e psicanalista, Diego Borba Lima.
Manter a mente ativa de diferentes formas é essencial para a prevenção de doenças neurodegenerativas. “Os hobbies são essenciais, principalmente no momento em que vivemos. Pelo fato da correria do cotidiano, as exigências cada vez maiores. No dia a dia as pessoas têm que trabalhar muito, estudar muito e produzir ainda mais, então esse momento de relaxamento é imprescindível”, explica o psicólogo.
Os hobbies também são muito importantes para aliviar a tensão da rotina. “A sociedade, nosso trabalho e cotidiano nos exigem muito. Que sejamos bons profissionais, bons maridos, boas esposas, bons pais. Então, estamos envoltos nessas responsabilidades que nos são atribuídas. Sem dúvida, os hobbies são muito importantes para tirar um pouco as pessoas dessa pressão”, finaliza Lima.
Hobbies na prática
As atividades que podem ser cogitadas são várias, desde crochê até o Vôlei. Mesmo que possa ser considerado um passatempo, os benefícios dos hobbies a longo prazo incluem suporte no desenvolvimento socioemocional e comportamental, que ocorre na infância. Na idade adulta resulta no alívio do estresse e manutenção da cognição.
“No meu caso, os hobbies têm toda a importância do mundo. Tenho Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e baixa tolerância ao tédio, então se eu ficar muito tempo parada sinto um abuso imensurável. Pratico hobbies desde os cinco anos, hoje em dia eu fotografo, faço crochê, maquiagem, leio, pedalo, toco alguns instrumentos, e outras atividades que encaixo em meio a rotina”, compartilha a estudante de Jornalismo, Mariana Duarte.
O TDAH exige diferentes ocupações e estímulos para que a pessoa se mantenha disposta durante a rotina.” Eu sempre fui uma criança que precisava estar em movimento. Quando ficava entediada me sentia extremamente triste. O tempo foi passando e segui sem saber lidar com o tédio. Quando descobri o TDAH, e aceitei, encontrei nos hobbies quase uma medicação”, complementa a estudante.
Os hobbies contribuem na produção de hormônios que controlam o humor. Como dopamina e adrenalina. “Com 23 anos fui diagnosticada. Mas foi com 25 que entendi e aceitei que os níveis de dopamina no meu cérebro eram diferentes de uma pessoa normal por conta do TDAH. E por isso eu precisava sempre estar fazendo algo satisfatório para não sentir que estava triste. Hoje em dia me sinto até mais disposta por incluir essas atividades na rotina”, finaliza a acadêmica.

Mariana produzindo sua nova peça de crochê entre os intervalos de sua rotina.