Há nove dias o grupo Talibã invadiu Cabul, a capital do Afeganistão, voltando ao poder após 20 anos. Na época o grupo foi expulso do poder pelas forças ocidentais lideradas pelos Estados Unidos. O então presidente do país, Ashraf Ghani teve que sair às pressas, fazendo com o que o grupo tomasse conta novamente em 2021.
A questão Talibã e Afeganistão não vem de agora. Conforme o historiador Humberto Bitencourt Soares o Talibã surgiu na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão no final da década de 1980 como um grupo armado. Na época o país estava em controle soviético, o grupo resistiu a presença soviética com apoio dos Estados Unidos.
Na década de 90 o grupo conseguiu, inesperadamente, assumir o controle sobre a maior parte do país. Inicialmente tomando a capital Cabul e o restante do Afeganistão, proclamando um emirado islâmico.
Porém, o fim da administração do Talibã no país está ligado aos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos. O grupo da Al-Qaeda assumiu a autoria dos ataques e estavam dentro do Afeganistão controlado pelo Talibã. O presidente da época, George W. Bush, acreditava que o Talibã escondia a Al-Qaeda e os financiava. Assim, os Estados Unidos revidou com uma invasão no país.
Apesar da invasão, os talibãs continuaram a luta armada, porém de uma maneira clandestina. Em 2020 o presidente dos Estados Unidos Donald Trump assinou um acordo com o líder do grupo Talibã. Assim, nesse documento o compromisso que as tropas américas iriam sair do Afeganistão em um período de 14 meses após a reunião.
Também ficou estabelecido que o grupo Talibã e o governo do Afeganistão iriam iniciar uma negociação para decretar o encerramento do confronto entre eles. Dessa forma, foi incluído na negociação com o governo americano a soltura de cinco mil prisioneiros talibãs e mais de mil funcionários afegão detidos pelo grupo.
11 de setembro e o Talibã
A promessa do atual presidente americano Joe Biden era retirar as tropas américas do Afeganistão, antes que completasse 20 anos do ataque de 11 de setembro. Quando boa parte das tropas foram retiradas, o grupo Talibã avançou, mas isso aconteceu mais rápido do que o previsto.
“Apesar dos avanços do Talibã, Biden falou que não iria mudar de ideia sobre a saída americana. A frágil estrutura política do Afeganistão, entretanto, não conseguiu estabelecer alicerces para impedir que o grupo Talibã tomasse o poder. E, ainda, implementasse medidas extremas no âmbito político, social e religioso do país”, relata o historiador.
Com o grupo na liderança, a população afegã tentou escapar do país. Um avião de carga militar dos Estados Unidos transportou 640 afegãos para o Qatar.
Em uma entrevista oficial feita pelo Talibã, o grupo falou que pretende ter relações pacíficas com outros países. Informou que, entretanto, respeitará o direito das mulheres nos moldes da lei islâmica.
“Tendo em vista que a regra islâmica para a mulheres coloca a mulher em um nível social abaixo do homem, coloca em dúvida como fica a situação social, política e econômica das mulheres no Afeganistão”, completou Soares.