Segundo o dicionário brasileiro, trabalhador significa dar-se ao trabalho, ou, gostar daquilo que faz. Mas independente da profissão escolhida, as dificuldades são inevitáveis. Neste Dia do Trabalhador, os profissionais da educação relembram o amor pela carreira e como o resultado das lutas diárias recompensam os desafios enfrentados durante a jornada de trabalho.
Ao longo dos anos, a Satc vem formando gerações que buscam e prezam por um mundo melhor. E neste desafio de transformação, os professores desenvolvem um papel fundamental: Desenvolver nos alunos a capacidade de lutar por seus objetivos e conquistar seus sonhos. Esses ensinamentos são levados durante toda a vida, dando esperança para uma sociedade mais forte e capaz de mudanças.
O amor que vem de infância
Tais Agda da Rosa é professora de Educação Infantil do Colégio Satc e leciona para alunos de até cinco anos. Ainda quando era criança, Tais já amava brincar de ser professora, o prazer em ensinar vinha desde pequena quando ajudava seus colegas e principalmente sentindo alegria em estar com as pessoas. Então quando chegou a vida adulta, ela não teve dúvidas, queria lecionar. Logo iniciou o magistério e pedagogia.
“Quando entrei em uma sala de aula e coloquei meus pés lá dentro pela primeira vez, tive a certeza de que era ali que eu queria estar e que fiz a escolha certa. Porque estar com as crianças me deixa viva, literalmente. Se estou com dor de cabeça, e venho trabalhar, não tenho tempo para pensar no que eu estou sentindo naquele momento. Eles me motivam o tempo todo. Tudo que eu faço é por eles e para eles”, comenta a professora.
Conseguir conciliar o ambiente familiar com aquilo que é aplicado na escola é o maior desafio encontrado por Tais. Segundo a professora, as dificuldades não estão dentro da sala de aula, ou enquanto leciona, mas sim, problemas vindos do mundo externo e da sociedade. “Eu busco conseguir fazer esse paralelo entre casa e escola ou sociedade e escola, e isso se torna um pequeno obstáculo, porque você tem que ficar sabendo o que está acontecendo lá fora para trazer ou não para as crianças”, explica.
Para a coordenadora do Ensino infantil da Satc, Luciana Virgínia Peruch Ferreira, a profissão de professor é desafiadora, principalmente para os educadores dos anos iniciais. Isto porque envolve ensinamentos para além do conteúdo. Luciana lembra que os trabalhadores da educação têm o dever de cativar a criança bem como, saber o que se passa com cada aluno e isso envolve uma série de fatores como o tom de voz, perfil, roupas ou até a postura de um professor. “Nós levamos a nossa imagem para todos os lugares, e por isso temos que cuidar de muitas coisas, até o que postamos nas redes sociais, tem pais que estão nos vendo. Não é só ir ali e dar aula, envolve planejamento, e preparação”, comenta.
Dedicar a sua vida para ensinar e educar outras vidas. Uma profissão que envolve muita dedicação e tempo de preparo, por isso, a coordenadora acredita que o professor acaba desenvolvendo um laço afetivo de suma importância com seus alunos. “Eu acho que o professor para o aluno é o segundo vínculo mais grandioso depois do pai e mãe. O educador estabelece um vínculo com a criança na qual ela não estabelece com qualquer pessoa, e só criando esse vínculo que ela vai guardar aquele conteúdo e aquela experiência. Eu acho que eles veem o professor como um espelho ou exemplo”, completa Luciana.
“Nós temos o privilégio de olhar o mundo como uma criança”
Apesar de todos os desafios enfrentados como educadores, cada momento que se passa com as crianças faz valer a pena todo esforço. É naquele simples gesto puro e gentil de uma criança que torna a profissão recompensadora.
“Nós temos o privilégio de olhar o mundo como uma criança, porque estamos ali no meio das experiências, então acabamos nos envolvendo e olhando as coisas não perdendo o encanto que a vida vai tirando. Aqui quando cai um dente é uma festa, comeu pela primeira vez certo alimento? É uma festa! Tudo aqui é uma grande conquista, porque a infância é isso, é um misto de grandes conquistas”, declara a coordenadora do Ensino Infantil.
São nestas pequenas ações, mas com valores enormes, que um professor passa a aprender novamente a importância da vida e os detalhes que ela proporciona. “A gente aprende muito mais com eles do que ensina. Porque o ensinamento já vem pronto ali, mas como eles interpretam esse ensino é novidade pra gente, tanto que nos faz refletir muitas vezes”, aponta a orientadora pedagógica do Colégio Satc, Cinara Gava Feltrin.
A recompensa independe da idade
O amor e a recompensa não estão presentes somente para o Ensino Infantil, mas também nas aulas aplicadas para adolescentes. Como é o caso do professor Charles Martins, que dá aula para o primeiro ano do Ensino Médio no Colégio Satc, onde trabalha há 13 anos. Atualmente o professor leciona duas matérias, Inglês e Produção de texto.
Charles conta que seu amor pela educação vem de família. Apesar dos pais não serem professores, suas tias e avó exerceram por muito tempo a profissão e ao participar do dia a dia com a família, o desejo de seguir os mesmos passos foi se tornando realidade em seu coração.
“É uma profissão que sempre me encantou porque eu sempre gostei muito de comunicação e estar em contato com outras pessoas e foi sendo professor que eu consegui me encontrar dentro da comunicação e assim contribuir para a sociedade e da mesma forma sentir prazer naquilo que estou fazendo”, destaca Charles.
Lecionar para adolescentes foi uma escolha vinda de Charles, que apesar de já ter dado aula para todos os níveis, aos poucos durante sua carreira foi se descobrindo como professor para o Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio. “Quando se trabalha com o ensino infantil eu acho que é muito desafiador e a responsabilidade dobra, diferente do Ensino Médio que a gente já consegue ter uma conversa e a partir dessa conversa mais adulta você consegue ajudar ou desenvolver uma relação com o aluno”, explica.
Apesar de todas as dificuldades encontradas ao longo da sua profissão, assim como as educadoras de Ensino Infantil, Charles acredita que a recompensa se torna ainda maior. Para ele, passar os ensinamentos e cativar os alunos se torna um grande desafio, visto que, cada pessoa tem sua personalidade e individualidade, e incluir cada uma delas faz parte do seu trabalho. Mas que além do esforço, saber que será lembrado futuramente torna tudo mais leve.
“É recompensador ver quando os alunos se formam no Ensino Médio e depois retornam para a escola e dizem como sentem saudade do período em que estavam aqui. Eu trabalho como professor há 13 anos então é muito bom encontrar alunos que hoje são dentistas ou médicos, que chagam para mim e falam que ainda lembram de uma aula ou exemplo que eu falei, isso torna a nossa profissão ainda mais especial”, conta o professor.
Para Charles, trabalhar com a educação pode ser uma fonte de transformação social. Segundo o professor um país que investe e preza pela educação, tem o poder de desenvolver uma sociedade com menos violência e problemas sociais. “Isso é o que mais me motiva. Parece ser um pouco de demagogia, mas na verdade a gente consegue perceber o poder que temos de mudar o mundo em que vivemos”, acrescenta.
Vem ano e passa ano, o amor de Charles pelo que faz continua o mesmo. Mas até para aqueles que iniciaram a profissão a pouco tempo, o prazer em lecionar já está presente. Samuel Cardoso Soares entrou este ano como professor do Técnico em Multimídia no colégio Satc. Dando aulas de Edição de Vídeo para a terceira fase. Apesar de pouco tempo como educador, a instituição faz parte da sua vida desde sua graduação em Jornalismo pela Unisatc.
“Eu queria muito estar no ambiente acadêmico de volta, após terminar a faculdade ingressei na rádio e logo depois comecei a trabalhar em uma área totalmente diferente, com marketing na parte de vídeos. Mas sempre tive esse desejo enorme de voltar para Satc e estar em contato de novo com o jornalismo, foi aí que surgiu o convite para estar atuando como professor. Na hora que me fizeram a proposta veio um friozinho na barriga, afinal era algo que eu nunca tinha feito e nem passado pela minha cabeça. Encarei o desafio, aceitei e hoje estou achando incrível”, explica Samuel.
Assim como aconteceu com os profissionais anteriores, Samuel encara os desafios como apoio para aprendizagem. Segundo o professor, dar aulas trouxe a ele a oportunidade de conhecer novos mundos. “É legal porque até então eu convivia e conversava com pessoas que tem a minha idade, e agora voltei a conviver com adolescentes de 16, 17, 18 anos que é essa geração do tik tok, instagram, trends, coisas que eu não tinha habilidade e conhecimento. Então além do conhecimento teórico que eu me aprofundei muito mais para poder dar aula, também tem essa parte de conhecer o mundo atual”, comenta.
Em sua primeira experiência como educador, Samuel conta que pretende continuar atuando nessa área e que seu desejo é poder se capacitar ainda mais para que possa repassar melhor seu conhecimento aos seus alunos. “Eu me sinto realizado de estar aqui, de entrar na sala de aula onde eu era uma vez acadêmico, e agora estar do outro lado como professor, isso faz valer a pena. A palavra desafio vai sempre estar envolvida porque eu estava antes exercendo minha profissão confortavelmente, e agora eu tenho me esforçado cada vez mais, crescendo também e saindo da minha zona de conforto, para poder ensinar da melhor maneira possível”, declara.
Os desafios encontrados ao longo da jornada como educador se tornam alavancas para esses profissionais que encaram sua profissão com tanto amor. Para eles, os mestres que estão em constante aprendizado, são os agentes que permitem a evolução e crescimento de uma sociedade para um mundo melhor.