Nos últimos anos, o sul de Santa Catarina tem experimentado mudanças climáticas significativas, afetando tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais. Estas mudanças são evidentes no aumento da temperatura média, alterações nos padrões de precipitação e na maior frequência de eventos climáticos extremos.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a região sul de Santa Catarina registrou um aumento gradual nas temperaturas médias anuais. Este aumento é consistente com as tendências globais de aquecimento, atribuídas principalmente às emissões de gases de efeito estufa. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) corrobora esta observação, indicando que a região pode esperar um aumento adicional de 1,5 a 2°C nas próximas décadas se não houver mitigação significativa.
As chuvas na região têm se tornado mais irregulares, com períodos prolongados de seca intercalados por episódios de chuvas intensas. Segundo a Epagri/Ciram, órgão catarinense responsável pelo monitoramento meteorológico, houve um aumento de aproximadamente 20% na incidência de chuvas extremas nos últimos 30 anos. Esta mudança tem impactado a agricultura local, uma vez que culturas como arroz e fumo são altamente dependentes de padrões climáticos estáveis.
A maior frequência de eventos climáticos extremos, como ciclones extratropicais e tempestades severas, tem sido uma preocupação crescente. Em setembro de 2020, o ciclone bomba que atingiu a região causou destruição generalizada, deixando um rastro de danos materiais e afetando milhares de moradores. Segundo especialistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), eventos como este tendem a se tornar mais comuns e intensos devido às mudanças climáticas.
Produção diversificada na agricultura
A economia da região, fortemente baseada na agricultura, pesca e turismo, está sentindo os efeitos dessas mudanças.
Agricultores enfrentam perdas significativas devido à imprevisibilidade do clima, enquanto o turismo, crucial para cidades litorâneas como Laguna e Imbituba, é prejudicado por tempestades e erosão costeira. Além disso, a saúde pública também está em risco, com o aumento de doenças transmitidas por vetores, como a dengue, associadas a mudanças no clima.
Em resposta a esses desafios, iniciativas de adaptação e mitigação estão sendo implementadas. A Epagri tem promovido técnicas agrícolas sustentáveis e resistentes ao clima, enquanto projetos de infraestrutura visam melhorar a resiliência das comunidades costeiras. A UFSC e outras instituições de pesquisa estão colaborando com autoridades locais para desenvolver estratégias de longo prazo que possam reduzir os impactos futuros.
Foto: Aires Mariga / Epagri.
Texto: Luarte Rosa, acadêmico de Jornalismo.