Do country ao pop/rock, essa foi a transição vivida nos últimos anos pela cantora e compositora Fê Smania. O gosto pela música começou cedo, por volta de seus sete anos de idade, mas o caminho para conquistar os palcos não foi fácil, e nem rápido. Atualmente, a artista vê seu nome sendo citado como destaque no festival Mundial Rock e se prepara para o próximo lançamento.
“Eu sempre fui interessada pela música, já que minha família toda tem uma veia musical. O problema é que eu não tinha aptidão para isso, queria cantar mas não conseguia, tentei até entrar no coral e não deu. Fui crescendo e criando algumas referências como a Taylor Swift, e como ela estava no começo da carreira, acabei me identificando muito. Decidi que deveria começar a fazer alguma coisa para seguir meu sonho de ser cantora, então fui aprendendo a tocar violão, comecei a compor minhas músicas e estudar inglês”, lembra Fê Smania.
Como consequência, a cantora passou a ser convidada para se apresentar em casamentos. Mas, por não acreditar que era boa o suficiente, fazia os eventos sem cobrar nada. “Eu tinha uns 16 anos quando comecei a ser chamada para cantar nos casórios. A Raquel, que faz parte da minha banda e da minha produtora, me acompanhava e a gente fazia de graça. Isso, até o momento que uma promoter nos chamou para conversar e disse que não aceitaria mais que a gente cantasse nos casamentos que ela produzia sem cobrar nada. Esse dia foi um divisor de águas, porque começamos a enxergar a música como profissão”, afirma.
O primeiro show profissional aconteceu devido ao convite de um amigo, dono de um pub em Criciúma. “No primeiro momento eu e Raquel ficamos desesperadas, porque a gente não fazia ideia do que tocar. Era diferente de cantar em casamentos e as músicas que eu escrevia eram tristes, então nós tivemos que sentar e montar um setlist. As músicas que bombavam na época eram reggae e surf music, nada do nosso estilo, mas começamos assim”, comenta.
Criação do UNILATERAL
Paralelo aos eventos privados e shows em pubs, Fê lançava suas primeiras músicas, todas em inglês, focadas no country. Inicialmente, os eventos eram ótimos para adquirir experiência de palco e aprender o jeito certo de performar, mas, com o tempo, buscar algo a mais virou uma necessidade.
“Em uma determinada época, a gente estava com um sentimento de frustração muito forte, porque não existia identificação com o que estávamos tocando, nós não gostávamos daquilo. E então chegou a pandemia, que foi o tempo que eu consegui amadurecer bastante”, recorda.
Em conversas com sua banda e produtora, Fê entendeu que precisava se conectar mais com seu público, para que seus ouvintes realmente entendessem a mensagem por trás de suas composições. “Eu não sabia quem eu era, estava meio sem propósito. Foi muito desafiador escrever as primeiras músicas em português e passar realmente a minha verdade. Eu tinha medo, minhas composições eram muito superficiais no início, foi um processo difícil até entender que eu escrevia rock. Que minhas músicas não eram para agradar, e sim para fazer pensar”, frisa.
Com a jornada de autodescoberta, a criciumense mergulhou nas referências certas e se entregou ao seu primeiro EP. “As histórias de UNILATERAL são todas sobre mim, sobre coisas que me doíam na época. Eu vivia e escrevia, precisei me despir da vaidade, da vergonha e aprender a entregar o jogo nas minhas músicas. Hoje é libertador entender que há um exagero poético, que a escrita é o momento que eu tenho para extravasar, é o ápice dos meus sentimentos”, destaca.
Para a co-compositora e coordenadora do Idiomas da Satc, Beatriz de Medeiros Sebastião, ver de perto a evolução da amiga é algo que ficará guardado na memória. “Quando a Fernanda me mostrou a primeira música em português, eu lembro de dizer que estava ótimo, mas que aquela não era ela. Eu não conseguia enxergar minha amiga ali. Então ver ela conseguir se reconhecer, se identificar e, principalmente, não ter medo de si mesma, foi incrível. É clichê dizer isso, mas UNILATERAL é a Fernanda se permitindo”, recorda.
O lançamento foi um sucesso, e Fê Smania foi parar na capa da playlist editorial Radar Rock, da plataforma de streaming musical Deezer. “Sabia que minhas músicas estavam boas, mas era diferente de tudo que eu já tinha lançado, então não tinha ideia de como elas seriam recebidas. Quando me enviaram a foto de que eu estava na capa comecei a rir, porque achava que era montagem. E quando percebi que era verdade, só conseguia chorar de emoção”, revela.
Nos palcos do Mundial Rock
Criar a coragem para se entregar às composições abriu portas que a artista nem sequer imaginava. Notada pela produção do festival Mundial Rock, Fê foi convidada a abrir o palco principal do evento. “Logo que o EP foi lançado, começamos a receber muitas reviews positivas dos portais. Em seguida, o Daniel, produtor do festival, entrou em contato com minha produtora e afirmou que tinha gostado muito do nosso material, que estávamos preparados para participar do evento”, declara Fê Smania.
Em 2023, o Mundial Rock, maior festival de rock de Santa Catarina, contou com a apresentação de 20 bandas nacionais e internacionais, nos dois dias de evento, para a celebração do Dia Mundial do Rock.
“A produção queria dar mais espaço para a música autoral de Santa Catarina nessa edição. Eu fiquei sem acreditar, ainda mais por sermos uma banda com duas mulheres e que canta pop/rock. Seguramos a informação por muito tempo, fomos destaque no festival e também percebemos o que é preciso melhorar. No geral foi muito sensacional, e mais uma validação de que estamos no caminho certo”, declara.
Novidade no ar
Seguindo a onda de explorar coisas novas e se arriscar, Fê está preparando lançamentos especiais para seus fãs. “Agora é a hora que eu vou testar coisas únicas, para ver o que meu público prefere e o que me faz sentir mais confortável. Estamos planejando o lançamento de três faixas ainda para 2023, e fico muito feliz de anunciar que o próximo single chega para vocês no dia 29 de agosto”, comunica.
Além das preparações para a divulgação da música nova, a cantora vem trabalhando em seu primeiro clipe. “Esse single é sobre um relacionamento que não deu certo. Estou apostando em uma mensagem diferente, o clipe está sensacional, todo roteirizado e é o primeiro da minha carreira. Hoje consigo dizer que sou minha referência principal”, completa.