Com cada dia que passa, mais e mais pessoas acessam as redes sociais. Isso, somado à natureza coletiva do ser humano, ocasionou o surgimento de alguns costumes, dentre eles, a cultura do cancelamento. Que gira em torno críticas e xingamentos feitos contra pessoas no meio digital.

Segundo a psicóloga Josiane Javorski, a cultura do cancelamento pode ser definida como um ataque à pensamentos contrários aos de um grupo ou indivíduo. “Esse termo, é caracterizado por um comportamento coletivo de rechaçamento, boicote e críticas à figuras que mostram opiniões ou comportamentos diferentes, ou controversos do que pessoas consideram um padrão”, aponta.

Josiane também constata que o pensamento humano que gera a formação de grupos sociais, tem relação com as ações de cancelamento. “Nós somos seres de grupo, e nossa própria evolução aconteceu à medida que fomos nos agrupando e mesmo que tenhamos um cérebro coletivo, ele também tem a tendência a avaliar os grupos como nós e eles”, explica

A psicóloga ainda desenvolve que a mentalidade nós e eles, separa os grupos de pessoas entre bem e mal. “Esse pensamento, faz com que a gente tenda a enxergar, em grupos que consideramos diferentes, características que podemos considerar ruins. Então nós somos o bem e o outro representa o mal”, afirma.

Caso mais recente e possíveis impactos dos cancelamentos

Recentemente, foi ao ar no YouTube, o reality show da influenciadora digital de maquiagem, Mari Maria. Este show, que mostra o dia a dia da família da youtuber, demonstra, por falas da própria influenciadora, que ela possui uma sobrinha favorita, neste caso Maria Victória, de 14 anos.

Esta preferência teria resultado no isolamento da sobrinha mais nova Catarina Maria, o que gerou revolta em internautas em redes sociais como o X (antigo twitter) e levou alguns a atacarem, tanto a influenciadora, quanto a sobrinha Maria Victória nas redes sociais.

Josiane ressalta que a humilhação é utilizada como forma de fazer as pessoas se sentirem no poder de ferir o próximo. “Quando humilhamos uma pessoa, estamos a desumanizando. Isso faz com que as pessoas se vejam como melhores e piores.Por conta disso, se alguém é desumanizado, o outro se sente mais autorizado à trata-lo pior, de uma forma que ele se sinta ferido”, constata.

A especialista também aponta que as vítimas desta cultura podem desenvolver doenças psicológicas, devido ao ataque à sua identidade. “A pessoa que tem sua humanidade ferida, está propensa a desenvolver transtornos psicológicos e de humor, como depressão e ansiedade”, declara.

A psicóloga ainda expressa que a cultura do cancelamento ataca a dependência social do ser humano. “Como humanos, temos a necessidade social de pertencimento. A cultura do cancelamento fere essa necessidade, fazendo com que as pessoas se sintam isoladas e diferentes, algo que pode causar muito sofrimento psíquico”, destaca.

Foto/Cultura do cancelamento