Criciúma será o primeiro município do Sul do estado a ter o mapeamento das nascentes, facilitando o planejamento urbano. Até o momento, 30 bairros passaram pelo cadastro do Projeto Águas, uma ação da Diretoria de Meio Ambiente de Criciúma. O objetivo é, portanto, atualizar informações das nascentes e cursos d’água do município.
Segundo o geólogo Maurício Thadeu Fenilli de Menezes, as nascentes têm grande relevância ambiental, por darem origem aos rios e por possuir um valioso ecossistema para o ciclo das águas. “Elas são protegidas por lei. Onde 50m do seu entorno são Áreas de Preservação Permanente (APPs), enquanto para os cursos d’água são 30m a partir de suas margens”, relata.
No último estudo de 2021, havia a lista de 62 nascentes, porém neste ano o número a identificação foi de 31. Conforme o especialista, havia indicações de nascentes equivocadas. “Nas vistorias observamos que não eram nascentes, mas se tratavam de antigas bocas de mina, drenagens obstruídas ou rompidas, açudes efêmeros de água de chuva”, explica o geólogo.
Ele esclarece que no estado de Santa Catarina há uma insegurança ambiental por não ter uma precisão das nascentes e dos cursos d’águas. “Estes locais tem a proteção da Lei (12.651/2012), segundo o Código Florestal, em que há problema para a construção de novos empreendimentos e loteamentos de novas áreas”.
Nascentes da rocha e do solo
Conforme o geólogo, existem três etapas até a sua descoberta. “Primeiro, é feito o pré-campo, com a análise de imagens e histórias do município. Segundo, é feito o campo, onde analisamos nas rochas e solos. E, por último, estes dados são adicionados no programa de geoprocessamento no software Arcgis”, define Menezes.
Assim, há a identificação das nascentes que recebem o nome do afluente para onde se direcionam as águas. Cada rio leva o nome de uma bacia. “Um exemplo que podemos dar, é que os rios que desaguam no Rio Criciúma, integram a microbacia hidrográfica do Criciúma”, comenta.
As águas de algumas nascentes são um afloramento natural do lençol freático, vêm, portanto, da rocha e do solo, tendo seu gosto natural e limpa. “A rocha sedimentar, chamada de arenito, se forma pelo gradativo soterramento. O arenito possui poros que tem a capacidade de armazenar e transportar a água”.
Além desse tipo, vindo das rochas, tem-se as que nascem por meio do solo. “Atuando como modo poroso, consegue infiltrar a água formando o lençol freático, o que acaba brotando dando origem a um rio”, explica o geólogo.
Mapeamento disponibilizado
Dessa forma, os mapas estão sendo disponibilizados no site da Prefeitura de Criciúma. Mas, também os novos loteamentos devem indicar as APP’s dos rios e das nascentes com placas e cercamento.
“Aqueles contribuintes que desejam cercar, respeitando os limites da área, e colocar placas em seus imóveis também podem”, frisa Maurício.
A consulta pública ao projeto Águas de Criciúma está disponível a todos.