A loja de bolos, pães e tortas Bolo de Mãe em Criciúma, começou a partir da necessidade do casal Augusto Adelino Carvalho e Rosangela Jorge Carvalho. Com apenas um forno antigo e um quilo de farinha, se iniciou a produção de um sonho.
Há vinte anos, Augusto trabalhava em uma empresa e Rosangela em um restaurante. “Em 2005 eu comecei a produzir em casa. O Augusto falou para eu fazer bolos e pães e que ele iria vender. Ele sempre teve uma facilidade na hora de falar, então ele quem ficou responsável por essa parte”, explica Rosangela.

No começo os recursos eram bem limitados e o casal, trabalhava com o que conseguia. “A gente pegou um forno que iriam botar fora. A partir dele, depois de reformar, a gente começou nosso negócio. Nele foram feitos os primeiros pães e bolos”, contextualiza Augusto.
A primeira produção que Rosangela fez, foram três pães. “A gente tinha dificuldade até de ter o dinheiro para comprar a matéria prima. Nunca me esqueço do dia que comprei um quilo de farinha e disse para ela fazer três pães. Aí ela fez, eu coloquei na moto, passei em um comércio conhecido e vendi”, confessa Augusto.
A partir da primeira venda, o negócio começou a fazer sucesso e Augusto, logo se viu obrigado a aumentar a caixa em que levava os produtos. “As vendas alavancaram ao ponto que precisei aumentar tanto que passou três centímetros do máximo que a lei permite. Era tão grande que mal dava para ver meu capacete”, recorda Augusto.
Trabalho duro que valeu a pena
O negócio que começou na cozinha de casa, hoje ganhou dois espaços, um para produção e outro para a venda. “O primeiro lugar em que a gente abriu, era na Santos Dummond, em 2014. Em 2017, a gente alugou onde estamos agora, mas era só metade da sala”, conta Rosangela.

Com a chegada da pandemia, a Bolo de Mãe se viu obrigada a inovar. “Antes a gente só vendia em loja física, mas com a Covid, foi preciso contratar um motoboy e criar um espaço online para as vendas. Isso deu um impulso muito grande para o negócio”, relata Rosangela.
No ano de 2021, a outra metade da sala foi desocupada, abrindo a oportunidade de expandir ainda mais a loja. “Depois da pandemia, o inquilino da segunda parte da sala saiu e gente conseguiu alugar. Aí, para facilitar, tiramos a divisão que estava no meio da loja. Isso facilitou bastante as coisas”, acrescenta Rosangela.
Para não ficar para trás no mercado, Augusto e Rosangela estão sempre buscando meios de manter a Bolo de Mãe atualizada. “Houve uma reinvenção. Antes só se vendia bolos e pães, hoje já temos tortas também. Outra coisa que fazemos, é tentar sempre vender produtos frescos e não deixar excessos”, admite Rosangela.
Algo Diferente
O primeiro nome do negócio estava relacionado à singularidade dos produtos. “Algo Diferente, porque é um produto sem conservantes, realmente um bolo de mãe feito em casa. Depois de um tempo, as nossas filhas e seus maridos começaram a sugerir a mudança do nome. Isso quando estávamos expandindo o negócio”, introduz Rosangela.
Para decidir qual seria o nome, Augusto propôs que fosse feita uma enquete na internet, com as possíveis opções. “Só iriamos mudar caso eu perdesse na votação. Algo Diferente, fui eu quem tinha pensado, mas acabou que Bolo de Mãe ganhou. Então agora é assim que se chama e realmente combina com o que fazemos”, reconhece Augusto.
Um negócio movido pela família
Desde o começo, Augusto e Rosangela sempre tiveram grande apoio de suas filhas e genros. “A nossa filha mais velha, a Mariana, foi muito importante para o crescimento da Bolo de Mãe. Ela sempre disse para abrirmos um espaço maior”, cita Rosangela.
Mariana Carvalho Stacke, a mais velha de três filhas, é responsável por administrar os negócios da Bolo de Mãe. “A Mariana está direto com a gente. Ela, junto do marido sempre nos ajudam a manter a empresa atualizada. Ela trabalha com essa parte administrativa e eu e o Augusto ficamos mais com a produção”, esclarece Rosangela.
As filhas ajudam o casal a entender a necessidade da adaptação para as novas gerações. “Nós somos de um tempo diferente e hoje sabemos que precisamos nos reinventar sempre. Porque se não tivéssemos feito isso, não teríamos chegado aonde estamos hoje”, evidencia Rosangela.
Agora, com a empresa bem encaminhada e fazendo sucesso, Augusto nunca esquece dos primeiros clientes. “É incrível. De alguns anos atrás, quando eu vendia em várias empresas e lojas, ainda é possível ver esse pessoal vindo aqui. Mesmo com novos clientes, sempre se mantém uma clientela fiel”, relembra Augusto.

Os alicerces que estruturam a Bolo de Mãe, estão relacionados ao microempreendedorismo, a família e a união. “Somos um negócio muito familiar. Fazemos tudo com bastante carinho”, valoriza Rosangela.
Gastronomia e microempreendedorísmo
Ainda na área da gastronomia, outra história relacionada ao microempreendedorísmo é a de Queiti de Matos Rodrigues. Após três anos como funcionária em um restaurante, a cozinheira resolveu investir em produção de buffets juntamente com sua amiga Ivete Nunes.
“Eu trabalhava junto com a Ivete em um restaurante popular em Santa Rosa do Sul e a gente fazia os eventos do restaurante. Com o passar do tempo o povo foi gostando da nossa comida, então a partir das indicações começamos a oferecer alguns serviços de buffet por conta própria”, explica Queiti.
Apesar de rotinas opostas, as amigas buscam um equilíbrio nos horários para manter o negócio ativo. “No momento eu sou do lar, e não consigo trabalhar fora durante o dia, pois tenho uma filha atípica e ocupo minha rotina cuidando dela, já a Ivete se formou como professora. Por esse choque nas rotinas focamos mais em eventos noturnos, como casamentos, 15 anos e aniversários em geral”, detalha Queiti.
O cardápio é adaptado conforme a demanda e o gosto pessoal de cada cliente. “Fazemos festas pequenas e grandes, e o cardápio que a pessoa quer. Dependendo da quantidade de convidados acabamos contratando uma terceira pessoa para ajudar na louça e outras funções. Mas a parte do preparo da comida somos nós duas”, salienta.

Para o futuro as cozinheiras alimentam o desejo de ter um local próprio para a produção dos eventos. “Temos sim o desejo de montar o nosso próprio espaço, um salão para ter a nossa própria cozinha e dar a opção de local de festa para o cliente. Mas isso são desejos para futuramente, se Deus nos abençoar”, finaliza Queiti.
Microempreendimento no campo
A vida na roça para os pequenos empreendedores não é nada fácil. Especialmente, quando se vende culturas anuais. Para Ivonete Pereira Duarte, a alternativa foi encontrar outras formas de conseguir dinheiro.
“A gente sempre trabalhou com fumo. O que a gente lucrava durante a safra tinha que guardar para passar o ano. Daí a gente pensou, que tal começar com leite? Agora eu e meu marido ficamos alternando. Ele planta o fumo e eu fico fazendo os queijos”, explica.
Para Ivonete, a venda dos queijos foi uma forma de contornar as dificuldades. “Só uma cultura era muito pouco. Então tivemos que colocar alguma coisa mais para dar uma melhorada. Assim surgiu a ideia do leite, do queijo, mas a nossa produtividade é bem pouca, não é muito. A gente trabalha com pouco, mas é satisfatório”, expressa.

Criciúma possui mais de 17 mil microempreendedores individuais
A Casa do Empreendedor de Criciúma indica que a cidade possui mais de 17 mil negócios movidos por Microempreendedores Individuais (MEI). Dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Criciúma (CDL), apontam que o varejo representa mais de 43% da movimentação econômica da cidade.
Para a CDL, as microempresas têm grande impacto no fomento do comércio local. “Elas movimentam as ruas da cidade, geram empregos e fortalecem a economia. Têm grande proximidade com a comunidade e oferecem produtos e serviços que atendem suas necessidades”, afirma a diretora executiva da CDL, Greissi Boaroli.
De acordo com a Casa do Empreendedor de Criciúma, o município está entre os mais favoráveis ao empreendedorismo. “Entre todas as cidades acima de 100 mil habitantes, ficamos em segundo lugar na eficiência de atendimento ao empreendedor”, afirma o diretor de Empreendedorismo de Criciúma, Marlon Araújo.
Para alguns lojistas, ter o seu próprio negócio sempre foi uma vontade. “Eu sempre gostei de comprar roupas em brechós. E isso me deu vontade de abrir um para mim. Hoje estou vendendo bastante, já que tem muita procura por peças mais em conta”, relata a proprietária de brechó Flávia Amador Simão.

Reportagem produzida pelos acadêmicos do curso de Jornalismo da UniSatc Leonardo de Souza e Sara Gekas.