O escritório da Companhia Siderúgica Nacional (CSN) está em obras. O espaço, que abrigou a administração da principal empresa carbonífera da década de 1960 em Siderópolis, está em transformação. Irá abrigar um museu do carvão, auditórios e salas da Administração Municipal. O local não perderá suas características próprias, mantendo a importância histórica para a cidade.

A vinda da companhia foi tão importante para a cidade que ajudou a transformar até seu nome. Antes, o distrito era conhecido como Nova Belluno, numa referência à região da Itália de onde vieram algumas das famílias colonizadoras. Com a CSN e sua relevância no cenário nacional da siderurgia, a cidade passou a se denominar Siderópolis a partir de dezembro de 1958.

Luciano de Souza foi mecânico de manutenção no subsolo e se aposentou na CSN em 1975. “A empresa dava um vale todo mês para os funcionários fazerem as compras. Dava pra comprar carne, leite. Isso tudo durante um mês. No final de cada mês, era descontado do salário”, afirmou. Agora, Souza observa a reforma com carinho, vendo parte da sua história também sendo recuperada. “A sua expectativa em torno da reforma é bem satisfatória, para ele o que for “Vai ser bom para a cidade e para a população”, disse.

A empresa que está cuidando da recuperação do espaço é a empreiteira Crepaldi. O prazo para conclusão é final de 2023. A ação foi iniciada por causa de uma emenda parlamentar da deputada federal Geovania de Sá, que destinou R$ 1,3 milhão para auxiliar na reforma do local.

CSN em Siderópolis

A CSN chegou na cidade construindo uma vila operária para os trabalhadores das minas de carvão. Eles vinham de outras regiões para trabalhar em Siderópolis. A vila deu forma ao bairro Rio Fiorita. Isso fez que a vida das pessoas que moravam neste bairro antes da chegada das vilas fosse completamente nova. A localidade foi dividida entre as vilas: a dos engenheiros e a dos trabalhadores. Os líderes, engenheiros, médicos e administradores, moravam perto do rio Jordão. Após um tempo eles foram para a Rua Siderúgica. Já a vila dos operários era no Rio Fiorita.

Siderópolis ganhou, além de casas, açougues, armazém, escola, clube recreativo, postos de saúde e hospedagens para turistas. 

A crise do carvão no início da década de 1990, provocada pelo Governo Collor, reduziu a produção do minério e fez com que a CSN saísse da cidade. Isso afetou os habitantes, pois a crise acabou acarretando uma má economia e levou muitos para morar em outras cidade. Parte da estrutura da companhia acabou ficando. De acordo com a Lei n° 850/91, foram mantidos para o município o Recreio do Trabalhador, Jardim de Infância, Campo de Futebol, Escritório e Portaria, todos localizados no Bairro Rio Fiorita.

Importância da CSN para Siderópolis

Quem acompanha há décadas o vai e vem dos trilhos do minério, sabe como a carbonífera impulsionou o desenvolvimento regional. Um deles é o sindicalista Genoir José do Santos, o Foquinha, presidente da Federação dos Mineiros.

“A CSN foi importante para o sindicato, para Siderópolis e para os trabalhadores. Se a gente for ver aqui em Siderópolis, a grande maioria dos trabalhadores que exerciam suas atividades na CSN, todos eles conseguiram dar estudos aos seus filhos”, comentou.

Segundo o presidente, a empresa dava uma assistência muito boa para os trabalhadores, muitos tinham educação gratuita na Satc e ficavam lá estudando por conta da empresa.

Obra irá recuperar estrutura física

O antigo escritório, onde funcionava a parte administrativa está sendo totalmente reformado. Conforme o vice-prefeito de Siderópolis, Adriano Teixeira (PSDB), a revitalização está adiantada. “Iremos trazer Secretarias, como a Fundação do Meio Ambiente de Siderópolis, entre outras, para este espaço. Queremos que seja um lugar para uso de toda a comunidade”, afirmou Teixeira. Além disso, o espaço externo contará ainda com pista de caminhada, um parque e academia.

O atual presidente do bairro do Rio Fiorita, Jorge Luiz Domingos, visitou a obra em andamento e acompanha os trabalhos. Para ele, que mora há mais de 50 anos na comunidade, ter uma obra dessa magnitude só ajuda a desenvolver ainda mais a cidade. “Teremos mais coisas além da revitalização. Vai ser bom para o bairro ter academia moderna, campo de tênis e futebol suíço. Para a gurizada que gosta de se divertir vai ser um investimento muito bom”, disse.

*Texto do acadêmico de Jornalismo UniSatc Eduardo Souza.