Um levantamento realizado por acadêmicos da UniSatc revelou que as casas de abrigo são o tipo de apoio mais valorizado pela população de Criciúma e região quando o assunto é o acolhimento de mulheres vítimas de violência. A principal demanda apontada pelos entrevistados foi a necessidade de um espaço seguro e protegido, distante do agressor.
Além dos abrigos, outros dois tipos de suporte também foram destacados: o atendimento psicológico — essencial para a recuperação emocional das vítimas — e a garantia de direitos, como o acesso à Justiça e à proteção legal. Embora o estudo não tenha citado instituições específicas, observa-se uma relação direta com estruturas que oferecem esse tipo de apoio.

Retomada do serviço
As casas de abrigo são serviços oferecidos por municípios para proteger mulheres em situação de risco. Criciúma já contou com uma unidade, que foi desativada. Atualmente, as vítimas são encaminhadas a hotéis, o que apresenta limitações no acolhimento.
A expectativa, no entanto, é de mudança. O município deve retomar esse tipo de atendimento com a criação do “Abrigo Seguro”, que integra o planejamento estratégico da Prefeitura para o período de 2025 a 2028. A localização da nova casa ainda está em fase de definição.
“Cuidar das mulheres vítimas de violência é uma prioridade da nossa gestão. Hoje, Criciúma já oferece acolhimento com acompanhamento técnico da assistência social, mas sabemos que ainda podemos avançar muito”, afirmou o prefeito de Criciúma, Vagner Espindola.
Segundo o gestor, a proposta é alugar um imóvel que proporcione um ambiente seguro, acolhedor e humanizado, garantindo dignidade às vítimas. O município já conta com uma rede de apoio formada por diferentes órgãos, como a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI), a atuação da Guarnição Especial da Polícia Militar e a Secretaria Municipal de Assistência Social.
Navit atua como ponte entre vítima e serviços
Fundado em 2020, em Florianópolis, o Núcleo de Atendimento a Vítimas de Crimes (Navit) foi interiorizado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), com sede em Criciúma desde 2023.
A equipe local é composta por um promotor de Justiça e duas colaboradoras — uma com formação em Direito e outra em Serviço Social.
“O Navit funciona dentro do Fórum, na galeria do Ministério Público. Nosso trabalho, no que diz respeito às vítimas de violência doméstica, é oferecer um apoio extraprocessual. Ou seja, além da investigação criminal e da ação penal, buscamos garantir às vítimas o resgate de seus direitos patrimoniais, sociais, psicológicos e clínicos”, explicou o promotor de Justiça e coordenador do Navit Sul, Samuel Dal Farra Naspolini.
O trabalho do núcleo conta com o apoio de universidades e instituições da região, como a Satc, a Unesc, igrejas e entidades comunitárias. O objetivo é servir de ponte entre as vítimas e os serviços disponíveis na sociedade.
Reportagem escrita pelos acadêmicos do curso de Jornalismo da UniSatc, Fillipi Debrida, Luiz Pedro Martins e Raul Salazar, sob a orientação do professor Filipe Gabriel.