Nunca se falou tanto em saúde mental como nos últimos tempos. Após a inteligência artificial (IA) ganhar fama entre as pessoas com o intuito de realizar tarefas escolares, por exemplo, agora também faz parte das angústias e segredos destes usuários, desta vez, como sessão de terapia.
De acordo com o coordenador dos cursos de engenharia de software e engenharia de computação da Unisatc, Anderson Farias, este tipo de tecnologia deve ser utilizado como apoio, não como uma verdade absoluta. O coordenador explica que as IAs são sustentadas através de diversos dados de todas as áreas do conhecimento.
“A psicologia é uma destas áreas que têm bases de dados alimentando as ferramentas da inteligência artificial. Quando alguém interage com este meio, ele tem condições de responder coisas relacionadas a assuntos de psicologia, filosofia e terapia. Como as respostas acabam sendo muito assertivas em vários pontos, os usuários acabam tomando o resultado como uma certeza, pois percebem que a linha sugerida pela IA faz sentido”, pontua Anderson.
Segundo a psicóloga, Carine Pedrotti, a terapia é um processo de autoconhecimento, não de apenas uma sessão, uma intervenção ou uma técnica isolada. Apesar do chat gpt trazer insights, esta ferramenta não entende de humanidade, apenas de padrões.
“O risco de usar algo tão pontual e tão superficial, é porque às vezes a pessoa tem uma percepção ou uma interpretação que pode estar distorcida, principalmente se ela já possui pensamentos distorcidos ou padrões disfuncionais, conseguindo até potencializar ou até levar a outros riscos”, explica a psicóloga.
Carine reforça a importância do atendimento psicológico humanizado, destacando o afeto, a paciência e a compaixão como pilares essenciais para alcançar o desenvolvimento pessoal do paciente.
“O que realmente ajuda muito a curar é ter um espaço seguro, uma troca ou um bom vínculo. Alguém que tenha a habilidade de, com sensibilidade te olhar nos olhos e fazer com que você compartilhe e assim vá organizando e entendendo muito da sua história, da sua vida”, comenta.
Ainda conforme a especialista, para quem deseja iniciar uma consulta terapêutica, porém não tem condições financeiras para tal no momento, é válido procurar suporte em faculdades e locais de saúde na região. “As universidades têm um espaço de atendimento, a própria Secretaria de Saúde é uma opção para entrar em contato e, claro, cada município vai ter a sua organização, há municípios que têm CAPES específicos. Os próprios postinhos de saúde, muitas vezes, tem o psicólogo de uma forma de rodízio ou que atende na cidade”, orienta Carine.