Para clonar celular, dar golpes e ludibriar turistas, golpistas estão criando perfis falsos de restaurantes e pousadas da região de Nova Veneza e Siderópolis. O Sítio Raízes já foi vítima seis vezes de fraudadores que criam perfis falsos em redes sociais para enganar os clientes e turistas.
Em meio a natureza, próximo à barragem do rio São Bento, em Siderópolis, o espaço foi comprado pelos proprietários inicialmente com o objetivo de descanso, mas logo ficou conhecido e começou a ser procurado e pelo público.
“No início a gente não queria hospedar ninguém, porque fizemos o lugar para nós, era para ser o nosso cantinho, nosso refúgio, mas foi ficando conhecido e o pessoal começou a procurar para alugar. Então em 2018 criei um Instagram para divulgar aos poucos e logo começamos a alugar de forma compartilhada. Em 2019 resolvemos profissionalizar e dar mais privacidade para os hóspedes”, contou Lica Poltozi, proprietária do Raízes.
A primeira ação dos golpistas veio logo que o perfil começou a ser mais visualizado. E está ocorrendo pelo Instagram. Um perfil falso é criado e começa com a divulgação de um sorteio pelo direct (mensagens privadas do Instagram). Os farsantes criam contas falsas utilizando fotos e a logo de pousadas da região de Nova Veneza e de Siderópolis. Depois, enviam mensagens para diversas contas divulgando um falso sorteio de diárias e pedindo as informações das vítimas.
“Eles “printam” nossas fotos, copiam nosso perfil e criam outra contra, com outro nome, mas usando a nossa logomarca. A gente já teve seis contas “fakes” criadas usando nossa imagem. No fim a gente está até ficando conhecido, de tanto perfil “fake”, acrescentou Lica.
Cansada de ter a imagem associada sobretudo a perfis falsos, a dona do sítio buscou formas de evitar que mais pessoas sofram com esses golpes. “Antes eu tinha que movimentar as pessoas para derrubar as contas, até que descobri que existe um formulário. É só você pedir para registrar sua marca na plataforma. E funciona, sempre que eu denuncio alguma conta falsa, dá no máximo dois dias, o Instagram derruba”, orienta a empresária.
Atenção à clonagem do celular
Ela procura sempre alertar seus seguidores para que eles não sejam vítimas desses golpes. “As pessoas têm que ficar atentas, observar se a página está certinha no Google, se nas poucas fotos que há, não é colocado legenda e hashtag. Isso é uma coisa que quem cria o conteúdo cuida muito. Sempre avisamos nossos seguidores das páginas fakes, se é um perfil de uma pousada com três seguidores que lançou um sorteio, tem que estranhar”, ressalta.
Além do incômodo para as empresas, o cliente também é afetado pelo crime. Conforme Lica, os golpistas utilizam os perfis falsos para clonar celulares ou tentar outros crimes. “Dessas seis vezes que criaram perfis falsos nossos, ficamos sabendo que pelo menos quatro pessoas tiveram o seu celular clonado”, relatou a proprietária.
Fazer denúncia dos perfis falsos
Não foi apenas o Sítio Raízes que enfrentou problemas com perfis falsos em redes sociais, vivendo igualmente uma situação constrangedora. Pelo menos outros cinco estabelecimentos do trade turístico das duas cidades já passaram por isso.
O advogado Eduardo Marinho aconselha a denunciar os perfis falsos e fazer um boletim de ocorrência. “Ao verificar o perfil falso, a denúncia deve ser realizada por meio administrativo, inicialmente pelo Instagram e como medida complementar, o registro de um Boletim de Ocorrência (BO) detalhado com as informações do ocorrido”, ressaltou o especialista.
A criação de perfis falsos utilizando informações de terceiros é crime e possibilita pena de três meses a um ano. “Primeiramente, o Código Penal tipifica como falsidade ideológica (art. 299 CP) o crime de atribuir-se a si ou a terceiro, falsa identidade para obter vantagem ou causar dano a alguém, prevendo pena de detenção de 3 meses a um ano e multa”, explica Marinho.
Segundo ele, ainda se enquadra em crime de estelionato, que é a fraude praticada induzindo alguém a uma falsa concepção de algo com o intuito de obter vantagem ilícita para si ou para outros. “Sendo constatada a autoria e verificada a ilicitude, o agente causador do dano pode responder judicialmente processo criminal assim como na esfera cível por eventuais indenizações na esfera material e moral”, acrescentou o advogado.
Por conta da pandemia, o registro deve ser feito, preferencialmente, via online junto a Delegacia da Polícia Civil (acesse aqui).