Seguir um tratamento com medicações, da forma correta indicada pelo médico, é essencial para melhora do quadro prescrito. No caso de doenças psicológicas não é diferente. Para manter a saúde mental, em muitos casos, é necessário o uso de remédios que irão regular hormônios neurotransmissores importantes para o corpo e mente.
Segundo a médica psiquiatra Dra. Milliane Rossafa, é fundamental fazer o uso correto, de acordo com a prescrição, para que assim o paciente obtenha bons resultados. Caso contrário, se não tomar a medicação continuamente da forma indicada, pode ocorrer a diminuição da eficácia do tratamento.
“Existem alguns efeitos adversos que podem acontecer quando o paciente não toma o remédio, como dor de cabeça, enjoo, tontura, piora dos sintomas do transtorno que ele está tratando, e, em alguns casos, até risco de vida, porque tem pacientes que precisam tomar corretamente para evitar que ele tenha comportamentos e pensamentos suicidas”, explica a psiquiatra.
Em casos no qual o paciente possui quadros como esquizofrenia, surto psicótico, transtorno bipolar em período de mania, ou seja, quando não há total consciência da doença, e neste caso não faz o uso correto da medicação, ainda de acordo com a médica, outras alternativas são necessárias.
“Se naquele momento ele não consegue responder por ele, ou a gente vai solicitar uma internação e se não foi necessário e a gente tiver uma família que consiga amparar esse paciente, nós vamos optar por medicações injetáveis, que são as medicações de depósito”, conta Milliane.
Quando o valor ultrapassa o orçamento?
Quando o valor de um remédio ultrapassa o orçamento do paciente, a alternativa é procurar se a medicação pode ser adquirida gratuitamente. No caso da psiquiatria também há essa possibilidade. De acordo com a farmacêutica Caroline Batista Pacheco, todo o sistema municipal possui, na sua estrutura da Secretaria de Saúde, a área destinada ao fornecimento de medicamentos.
“Alguns municípios possuem a farmácia municipal alocada num local específico, em outros, cada posto de saúde ou unidade de saúde tem uma farmácia própria. Na própria unidade de saúde, muitas vezes, já é possível conseguir algumas medicações de forma gratuita”, explica a farmacêutica.
Ainda segundo Caroline, as medicações controladas muitas vezes não são fornecidas por meio da unidade de saúde, geralmente quando se tem uma farmácia municipal central. Este motivo se dá por conta do controle, já que são poucos produtos controlados que são fornecidos gratuitamente.
“Tudo que é feito, por exemplo, de controle de dispensação, de fornecimento de medicamento controlado dentro de uma farmácia comercial, ele também existe dentro de uma farmácia do município ou de algum órgão de farmácia que seja do SUS. Neste caso também existe controle, ou seja, a vigilância também fiscaliza. Então eles precisam dizer de onde que está vindo essas medicações e pra onde está indo mediante apresentação de receita”, conta Caroline.
Medicações controladas e o fornecimento gratuito
Em farmácias municipais é fornecido alguns ansiolíticos mais comuns como Fluoxetina e Sertralina e algumas medicações anticonvulsivantes, além de medicações para Parkinson. Há também disponibilizados antidepressivos e medicações utilizadas para a melhora do sono como Lorazepam e Clonazepam. Estes medicamentos são encontrados em farmácias municipais para fornecimento gratuito já que são mais baratos.
Além do fornecimento gratuito de medicamentos pela farmácia municipal, existe também a farmácia de alto custo. Utilizada por pacientes que possuem patologias crônicas incluindo doenças psiquiátricas que não tem cura.
“O paciente precisa fazer toda uma documentação, levar a Secretaria de Saúde para poder protocolar o processo, e aí sim o juiz deferia se aquela causa pode ser ganha ou não. Dado ali a situação econômica, e o custo do produto, além de também precisar apresentar o laudo do médico dizendo que o paciente precisa fazer uso daquela medicação e não de uma outra que é fornecida pelo município”, frisa a farmacêutica.
Medicações disponibilizadas somente com apresentação de receita médica
Diferente de alguns remédios comuns, em que é possível comprar sem a necessidade de receita médica, as medicações controladas necessitam de um receituário que indique que o paciente precisa fazer o uso de um medicamento específico e qual a dosagem adequada.
“Os medicamentos controlados de uma forma geral, precisam de receita por conta dos seus efeitos colaterais, que muitas vezes podem ser efeitos colaterais muito severos, e aí existe um risco, não dá pra ter acesso livre a uma medicação que pode te dar um efeito adverso e indesejado de alto grau”, comenta a farmacêutica.
Medicações controladas viciam?
O vício em medicamentos controlados sempre foi um assunto em discussão. Ainda segundo a farmacêutica Caroline, muitas medicações possuem tendência ao desenvolvimento de dependência, principalmente os chamados tarja preta.
“Os que têm tarja preta têm um alto índice de dependência e não apenas da medicação, mas também a necessidade de, às vezes, aumento de dose em pouco tempo ou por uso indiscriminado do produto. O tipo de receituário é um receituário diferente, ele pode ser azul ou amarelo e os efeitos adversos normalmente também são mais severos e a principal causa realmente é a dependência” explica Caroline.
A farmacêutica ainda explica que não é necessário ter medo ou rejeitar a medicação pelo risco da dependência. Normalmente, pacientes que fazem o uso de remédios com tendências ao vício, realizam acompanhamento médico para regular a dosagem e muitas vezes finalizar o tratamento.
“Se médico vê que o paciente está ficando bem, que tem dias no qual ele não precisa nem usar a medicação, já é feito o desmame, que a gente chama, que é ir reduzindo a dosagem até que chegue num determinado momento em que o organismo dela consiga trabalhar normalmente sem a indução da medicação, que é o objetivo principal”, afirma a farmacêutica.