Comemorado no Brasil no segundo domingo do mês de maio, o Dia das Mães é uma data que busca homenagear, agradecer a dedicação e o amor das mães para com seus filhos. Apesar de ser uma comemoração antiga, a celebração foi instituída oficialmente no país apenas no dia 5 de maio de 1932, por meio do decreto nº 21.366, durante o governo de Getúlio Vargas. Em 2023, a festividade ocorre neste domingo (14).
O decreto do ex-presidente Vargas diz o seguinte – ‘O segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana’-. Mas, segundo o doutor em Ciências da Linguagem, Gutemberg Geraldes, o real motivo para a oficialização da comemoração aconteceu devido a razões econômicas.
“O Dia das Mães foi criado no Brasil, principalmente, para promover a sazonalidade comercial. Como no segundo semestre existia o Natal para movimentar o comércio, sentia-se a necessidade de uma data para fomentar as vendas no primeiro semestre. O Dia das Mães é esse dia”, declarou Geraldes.
A data é a segunda que mais vende no comércio, ficando atrás apenas do último feriado do ano.
O início da história no Brasil
Antes da lei ser sancionada por Getúlio Vargas, movimentos em prol do Dia das Mães já existiam no país. De acordo com o professor, historiador e doutor em História, Ismael Gonçalves Alves, o papel da mãe passou a ser muito valorizado no Brasil em meados de 1920. “Essa valorização e defesa das mães vai ter muito a ver com o movimento feminista chamado ‘maternalista’, esse movimento chega no país através da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), e busca uma série de políticas sociais de proteção às mães, por isso que recebe este nome”, explicou.
A FBPF previa a criação de uma secretaria especial para as mães, a fim de dar autonomia às mulheres, como na questão dos votos e em outros temas que buscavam a emancipação feminina. Em meio a isso, a maternidade era considerada um dos elementos centrais.
“Quem vai encampar essa bandeira no país é Alice Toledo Ribas Tibiriçá, uma mulher filantropa que, de certa forma, ocupa um lugar muito importante no país. Ela era ativista em defesa dos cuidados de pessoas, principalmente, com hanseníase e tuberculose”, informou o historiador.
Ainda em sua fala, Alves declara que, dentro da FBPF, foi a ativista quem adotou a necessidade de uma data específica para as mães no país. “Para Alice, colocar a comemoração na agenda política era uma forma de lembrar que, para ser mãe, é preciso, também, que o Estado se comprometa com as mulheres no sentido de produzir políticas públicas que valorizem a maternidade”, disse.
Alice criou, em todo o país, um movimento junto com a FBPF, que ganhou voz e chegou até o presidente da época. Então, em 1932, Vargas sancionou uma lei nacional que determinou que o segundo domingo de maio se transforme em uma data celebrativa no Brasil. “O Dia das Mães não surge só como uma comemoração, mas sobretudo como uma ideia de construir políticas públicas para as mulheres e lembrar a função social que a maternidade ocupa no país”, finaliza Alves.
Força materna
Sentir a emoção de ser enaltecida por um trabalho árduo, que perdura durante as 24h do dia e que é movido pelo amor e carinho é, para muitos, gratificante. “Meu filho mais velho me disse uma vez que, quando ele for pai, ele quer ser para seus filhos o que eu fui para ele, que ele se orgulha da mãe que tem. Isso me emociona muito porque, depois de tantos desafios, saber que eu fui a melhor para meus filhos é recompensante”, afirmou a instrutora de dança gaúcha, Fabiana Zeferino.
Mãe de dois meninos, Fabiana enfrentou um caminho difícil durante a maternidade e, por conta da tranquilidade durante a primeira gestação, ela não imaginava a reviravolta que aconteceria em sua vida. “A minha segunda gravidez não foi planejada, mas estava muito feliz pela gestação. Essa criança foi muito amada enquanto estava na minha barriga, foi gerada com muito amor, porém acabei sofrendo um aborto espontâneo. Foi uma dor imensa, não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo, mas os planos de Deus eram outros”, contou.
Anos mais tarde, a criciumense conseguiu engravidar novamente, e o que parecia ser uma gestação serena, acabou se tornando um pesadelo. “Com 29 anos engravidei pela terceira vez, novamente uma gravidez planejada, estava na expectativa de descobrir se seria uma menina ou menino. Mas, durante o terceiro mês de gestação, meu marido, que era policial, foi baleado. Não conseguimos fazer o ultrassom, ele ficou internado durante 15 dias, porém não resistiu. Fiquei desesperada, mas encontrei forças pelos meus filhos, para criar eles sozinha”, lembrou emocionada.
Hoje, Fabiana se orgulha de sua história e de seus meninos, que cresceram com um exímio exemplo de mãe dentro de casa. “A força de uma mãe é inexplicável, nós podemos enfrentar todos os desafios que vierem, pelos nossos filhos conseguimos encontrar forças para seguir”, finalizou.
Dia das Mães ao redor do planeta
Além do Brasil e Estados Unidos, o Dia das Mães é comemorado em vários lugares do mundo. Em países como Alemanha, Canadá, Nova Zelândia e Paquistão a data também é celebrada no segundo domingo de maio. Já México, Guatemala e Singapura festejam no dia 10 de maio. França no último domingo de maio. Inglaterra no quarto domingo da quaresma e Argentina no terceiro domingo de outubro.