Doenças e transtornos mentais vêm se tornando uma epidemia atualmente. A falta de tratamento ou um diagnóstico errado pode levar uma pessoa em situação de saúde mental vulnerável a cometer suicídio. Refletir sobre o tema e saber, principalmente, onde buscar apoio, é o foco do Setembro Amarelo.
Para que os números alarmantes de mortes em decorrência ao suicídio venham cair a cada dia mais, e pensando em uma maior visibilidade a doenças relacionadas a saúde mental, em 2015 o mês de setembro ganhou a cor amarela e foi estabelecido como mês de prevenção ao suicídio. Criado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o intuito da campanha é trazer mais ações voltadas a prevenção e tratamento, sendo assim anti estigma.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição de saúde é “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Entrando neste contexto, a importância de estar com a saúde mental em dia está ligado a um todo. “A saúde mental ultrapassa os transtornos assim como compromete a nossa forma de lidar com emoções e ter equilíbrio em nossa mente como um todo”, comenta a psicóloga Sabrina Mello.
O assunto vem sendo restrito, mas sempre teve sua importância tendo maior visibilidade no determinado momento em que a saúde mental teve sua real importância estabelecida. O suicídio não é uma ação distante. A cada ano os números e porcentagens sobem, sendo essa uma das maiores causas de morte nos anos atuais. Segundo a psicóloga, é comum que os pacientes tenham o suicídio como um fator distante, e por vezes dizem que nunca chegariam a tal ponto, o que acaba acontecendo.
“É difícil para as pessoas compreenderem, elas jamais cometeriam tal ato. Porém nós, profissionais, sabemos que quando o paciente já está com a doença, e isso limita essa mente de poder ter o controle das emoções, e é no momento de crise emocional, que em um segundo as pessoas podem cometer o ato”, explica a psicóloga.
Segundo relatório liberado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o número de pessoas que morrem em resultado ao suicídio é maior do que câncer de mama, HIV, malária, guerras e homicídios. O número alarmante chega em 1 a cada 100 mortes. Entre os jovens com idades de 15 a 29 anos, o suicídio vem como a quarta causa de morte, logo após acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Ainda segundo o relatório, mundialmente a porcentagem vem diminuindo, mas nas Américas o aumento vem sendo observado.
Números preocupam e trazer alerta
Ainda sobre a porcentagem de mortes por suicídio, segundo a OMS, 100% delas foram em decorrência a doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou com análises incorretas. No Brasil cerca de 14 mil mortes são registradas por ano, sendo 38 por dia.
Na região carbonífera o número chega a 33 casos confirmados. No mesmo período, de janeiro a agosto de 2021, houve 39 casos, tendo assim uma baixa no ano de 2022. Os dados foram apurados pelo agente de Polícia Civil Almir Fernandes de Souza que também atua junto ao IML de Criciúma.
“Temos que ter cautela na divulgação desses casos de suicídios, porém não devemos “fechar os olhos” para o problema, que além do compromisso social que devemos ter, mais do que evidente, é uma questão de saúde e segurança pública, pois esses casos só perdem em números de ocorrências com os acidentes de trânsito”, afirma Fernandes.
Nem todas as pessoas que estão com alguma doença mental vão dar indícios, por isso a importância de falar sobre a saúde mental. Doenças que por vezes se mantêm invisíveis, externamente e escondidas podem estar presentes no dia a dia. Assim como em pessoas ao redor, para que se possa identificar e fornecer a ajuda o mais rápido possível.
Alertas no Setembro Amarelo
Conforme a psicóloga Camila Goularte, alguns pontos devem ser observados, como por exemplo o isolamento, deixar de praticar coisas que costumava ser prazeroso. Outros pontos são a falta de ânimo de simplesmente começar qualquer coisa, isso vai desde sair, até escovar dente, banho. Pessoas que não tem expectativas para o futuro. O ato de parar de utilizar meios de contato ou redes sociais. Postar ou escrever coisas com teor de tristeza profunda ou morte. O choro repentino ou apatia para a vida.
“Existem muitas pessoas que desconhecem a importância do seu cuidado e o quanto pode afetar a pessoa quando adoecido. Então, é necessário reforçar diariamente a fala sobre saúde mental”, acrescenta a profissional. A psicóloga pontua também os meios de ajudar pessoas que estejam com a saúde mental comprometida.
“Ajudar a criar uma rede de apoio, ter um contato de emergência por perto, ficar por dentro da sua rotina para atentar-se a qualquer alteração. Além de reforçar o cuidado com alimentação, higiene, e encaminhar para um acompanhamento psicológico e se necessário psiquiátrico”, indica Camila.
Se estiver passando por um momento de aflição procure ajuda! Alguns serviços disponíveis são:
- CVV (Centro de Valorização da Vida) – 188
- Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
- Associação Criciumense de Apoio a Saúde Mental (CERES), pelo telefone (48) 99938-4459
- Serviço de Psicologia Aplicada Esucri (SPAE), através do número (48) 34313700
Se caso não conseguir contato com profissionais capacitados, procurar técnicas de relaxamento. E, para distrair-se, mudar o foco do sofrimento com outras atividades, até que seja possível entrar em contato com a devida ajuda.