A forma de arte que une o pensamento crítico de algum acontecimento social com a parte da ilustração é caracterizada de charge. Sejam em revistas, livros, jornais e, principalmente, nas redes sociais, as pessoas sempre acabam encontrando esses desenhos presentes nesses meios como uma forma de crítica para algum acontecimento da atualidade. Mas, por trás de toda crítica social e dos traços representados pelos artistas, o que é preciso no processo de criação para se tornar um chargista?
Segundo o artista e professor de desenho, Sérgio Honorato, para realizar a produção de uma boa charge, primeiramente é preciso estudar e ler muito. É importante estar sempre atento as notícias e aos fatos sociais que estão acontecendo no período atual, porque o primeiro passo da produção é pegar um assunto, uma notícia ou algum fato acontecido em determinado tempo.
“Esse acontecimento dê preferência tem que ser bem conhecido socialmente e, as redes sociais auxiliam nesse processo. Mas, sempre temos que saber como utilizá-las. Posteriormente, há todo um processo de estudos até que os personagens fiquem parecidos com as pessoas envolvidas e, depois disso é feito todo um rascunho com os personagens para depois finalizar a arte unindo a crítica social com o desenho realizado”, explica.
Preciso saber ilustrar para ser chargista?
Conforme Honorato, o processo de ilustrar não prejudica a criação. De acordo com o artista, o mais importante na produção de uma charge é estudar e sempre buscar praticar, porque a evolução no processo de ilustrar é uma consequência desses estudos com o passar do tempo.
“A pessoa que quer produzir uma charge não precisa ficar muito preocupada com o desenho, porque a parte mais importante na criação é a sutileza da crítica que o artista quer passar, ou seja, aquele detalhe inteligente que arranca aquela expressão: Que sacada! Entretanto, para conseguir arrancar essa expressão do leitor é preciso muito estudo, do contrário as charges saem bobinhas e previsíveis como uma piada sem graça”, pondera.
A maioria das charges são representadas de uma forma engraçada, principalmente, pelos traços realizados no desenho. Só que nem sempre elas precisam ter um lado apenas cômico representado. “Muitas vezes ela pode ser pesada, triste e até mesmo revoltante. A charge é considerada a voz do ilustrador. Desse modo, o mais importante é a comunicação presente na forma que ele busca se manifestar”, destaca o artista.
Ética na crítica social
Honorato ainda estabelece que além do processo de criação da charge unir a crítica com o desenho, essa forma de arte também envolve questões éticas entre saber o que ou não representar na ilustração que será publicada. Segundo ele, o mercado das publicidades tem suas regras e se quebradas podem gerar consequências, porque depois de publicada a ética social costuma fazer a sua filtragem.
“Alguns mercados suportam bem, outros são tão pequenos que não incomodam. Porém, alguns ainda desconhecidos, emplacam em uma charge que viraliza e, é nesse momento que está o perigo. Desse modo, nessas ocasiões está a importância de sempre ler e estudar muito, sendo útil para bater forte sem deixar marcas na mensagem que o ilustrador quer passar”, completa.