Com diversas essências e modelos, incluindo descartáveis, o cigarro eletrônico, ou vape, é um dispositivo eletrônico para fumar. Ele foi criado com o intuito de ajudar no auxílio de pessoas que estariam tentando parar com o tabagismo. De acordo com o Ministério de Saúde, além de aumentar os riscos de infarto do miocárdio, na sua composição contém substâncias reconhecidas como cancerígenas. O cigarro eletrônico tem sua importação e comercialização proibidas no Brasil. 

A maior diferença entre o dispositivo eletrônico e o cigarro tradicional são os altos índices de nicotina e a falta de alcatrão, substância composta por uma variedade de produtos químicos. Justo pela falta de cheiro e praticidade o item se popularizou. Há a ilusão de que seria menos prejudicial à saúde, o que não é verdade de acordo com especialistas.

Mesmo com a proibição de consumo, importação e comercialização do cigarro eletrônico pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) sendo publicada em 2009, a lei parece não se aplicar no país. Nesta quarta-feira, nova resolução saiu com a manutenção da proibição.

A procura e uso vem aumentando cada vez mais no meio dos jovens que inúmeras vezes o buscam por curiosidade. A cada 30 jovens entre 17 e 25 anos em uma roda de amigos, 21 já fizeram ou ainda mantem o uso do vape. “Experimentei por pura curiosidade nas festas e rolês da vida. Nem é tão legal assim, só serve para fazer fumacinha mesmo”, conta o estudante de 22 anos que não quis ser identificado.

Substâncias nocivas

De acordo com o doutor em pneumologia Renato Matos, além da nicotina há substâncias com origens desconhecidas nos dispositivos, que podem causar diversa doenças pulmonares. Como por exemplo a Evali, sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico. A doença que levou à morte de mais de 200 pessoas em 2019 e faz vítimas continuamente.

Matos conta ainda que a ilusão do uso vem da tentativa de ajudar no fim do vicio a nicotina, o que não é verdade, além de trazer riscos à saúde. “Existem diversas doenças causadas pelo uso do dispositivo. Pessoas com maior sensibilidade e asmáticos acabam voltando a ter crises sérias, há doenças pulmonares graves pela inalação dele”, explica o especialista.

Fiscalização ausente na venda do cigarro eletrônico

Conforme o médico, é possível observar a facilidade de compra do produto em shoppings e lojas especializadas que não escondem sua venda, deixando completamente de lado a sua proibição no país.

“Os níveis de nicotina em um cigarro eletrônico são muito mais altos. Alguns contém também o THC, substância encontrada nas plantas do gênero cannabis. No Brasil a venda do cigarro eletrônico é proibida, mas se pode comprar sem dificuldades. Ele é tão proibido como qualquer droga ilícita, mas não há fiscalização”, ressalta o pneumologista. 

Além de não obter êxito em ajudar significativamente no fim do tabagismo, o cigarro eletrônico vem viciando jovens e adolescentes. Eles acabam buscando pelo cigarro tradicional logo depois.

“Todos os anos da luta contra o tabagismo acabam se esvaindo. O cigarro eletrônico está normalizando o tabagismo. As pessoas fumam achando que não faz mal, um cigarro do bem pela falta de fumaça e alcatrão, mas criam a dependência e vício em nicotina”, expõe Matos.