Em um ambiente esterilizado, automatizado e remotamente monitorado, pesquisadores testarão um fertilizante híbrido com liberação controlada, que é um dos estudos em andamento no Centro Tecnológico Satc (CTSatc). A pesquisa, que iniciou no segundo semestre de 2021, ganha força este ano.
Em um ambiente automatizado construído a partir de um contêiner instalado ao lado do prédio do CTSatc, os estudiosos irão observar, portanto, a efetividade do fertilizante sobre o cultivo. Isso será feito a partir do monitoramento e controle de variáveis como umidade, temperatura, nível de CO2 e luminosidade. O trabalho envolve o conceito Agro 4.0, que estimula novas pesquisas e o desenvolvimento do agronegócio.
“Nosso estudo reúne diferentes matérias-primas e a casa de vegetação automatizada nos permitirá avaliar a eficiência do fertilizante desenvolvido”, explica a pesquisadora Beatriz Bonetti, que junto com a equipe envolvida, aprofunda o assunto.
O objetivo dos pesquisadores é obter um produto que utilize componentes químicos disponíveis e que resultem num fertilizante rentável na sua aplicação e com um preço acessível. Conforme o biólogo Mauro Zavarize, hoje já há no mercado, fertilizantes que atuam dessa maneira, depositando os nutrientes de forma gradativa no solo. “O problema é o preço. Algumas marcas podem custar até dez vezes mais que os fertilizantes mais comuns, como aqueles a partir de fósforo”, explica Zavarize.
Espaço controlado permite dados precisos
Dentro do contêiner, os pesquisadores estão concluindo a instalação dos sensores que irão permitir a observação precisa do fertilizante. “Podemos controlar os parâmetros, ampliar a luminosidade ou reduzir, controlar a temperatura, entre outros fatores. Assim, será possível criar um ambiente ideal, não ficando dependentes da sazonalidade ou ainda intempéries. Dessa forma, ao término teremos uma avaliação precisa sobre o potencial especificamente do fertilizante frente aos outros do mercado”, destaca o engenheiro agrônomo Daniel Pezente.
Os estudos fazem parte do projeto aprovado junto à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). A primeira etapa envolve então esta análise que ocorre no contêiner. Uma nova fase, que será objeto de novo projeto de pesquisa, pretende realizar os testes do fertilizante em escala real de aplicação, ou seja, em campo. O experimento será testado em lavouras convencionais.
Portanto, o trabalho dos pesquisadores caminha junto com o movimento nacional de expansão do agronegócio devido ao potencial brasileiro e tendência de crescimento do setor. “Estamos observando e atuando junto ao conceito do Agro 4.0. O segmento agrícola busca incluir novas tecnologias que tragam maior resolutividade”, pondera Anderson Spacek, coordenador do Projeto.