O Fórum Técnico de Inovação no Agronegócio Catarinense, realizado pela Satc em parceria com a Epagri, reuniu pesquisadores, gestores públicos e representantes do setor produtivo para debater caminhos estratégicos para o futuro do agro em Santa Catarina. Com apoio financeiro do BRDE, o evento marcou a assinatura do termo de cooperação entre a Satc e a Epagri, consolidando uma atuação conjunta voltada ao desenvolvimento tecnológico, ao uso sustentável de resíduos e à produção regional de fertilizantes.

Em um contexto decisivo para o agronegócio brasileiro que, apesar de ser referência mundial na produção de alimentos, ainda depende da importação de mais de 85% dos fertilizantes, o Fórum destacou a importância de ampliar a autonomia produtiva e incentivar soluções locais alinhadas ao Plano Nacional de Fertilizantes e ao Programa Nacional de Bioinsumos.

Para o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Carlos Chiodini, a pauta é estratégica para o país. “O Brasil é o celeiro do mundo e a grande discussão global hoje é a segurança alimentar. Nenhum país se sustenta sem alimento. Ao mesmo tempo, temos uma grande deficiência, que é a dependência externa de fertilizantes. É impossível que um país da grandiosidade do Brasil não invista em pesquisa, tecnologia e conhecimento para ser autossuficiente, ainda mais tendo aqui as propriedades naturais para isso”, destacou.

Chiodini também ressaltou o papel histórico do carvão na região Sul e sua conexão com novas tecnologias. “O carvão foi fundamental para o desenvolvimento econômico da região e continua fazendo parte da matriz energética. O desafio agora é reduzir emissões e transformar subprodutos do carvão em soluções para a agricultura, unindo energia, inovação e segurança alimentar”, completou.

O diretor executivo da Satc, Fernando Luiz Zancan, enfatizou o ambiente de ciência e tecnologia como motor do desenvolvimento regional. “Estamos em uma instituição com 67 anos de história, mais de 5.500 alunos e atuação que vai da educação básica ao mestrado. Aqui, olhamos para o futuro. Começamos pesquisando o uso de cinzas de termoelétricas para captura de CO₂ e, no caminho, identificamos o potencial da zeólita como fertilizante de liberação lenta, reduzindo a pegada de carbono e aumentando a produtividade no campo. Isso é inovação: começar por um ponto e descobrir novas possibilidades”, afirmou.

Zancan também destacou o protagonismo da Satc no cenário nacional.  “A Satc lidera um hub nacional de transição energética aplicada à produção de fertilizantes, conectando governo, ciência e setor produtivo. Santa Catarina passou a integrar esse ecossistema de inovação por conta dos projetos desenvolvidos aqui”, ressaltou.

Cooperação técnica e debates ampliam soluções para o agro

Durante o Fórum, a programação técnica reuniu especialistas para discutir o aproveitamento de resíduos orgânicos e minerais, a produção de fertilizantes mais eficientes e a redução da dependência de insumos importados. O pró-reitor de Pesquisa e Inovação do Centro Tecnológico Satc, Luciano Bilessimo, destacou que o evento foi pensado como um espaço de construção coletiva.

“Esse é um ambiente de troca técnica, de conversa qualificada, que gera ideias e novas linhas de pesquisa. A partir desses debates surgem projetos que podem ser testados no campo, validados em laboratório e transformados em soluções reais para o agronegócio”, explicou.

A assinatura do termo de cooperação com a Epagri reforçou a integração entre pesquisa, extensão rural e setor produtivo. Para Stevan Grutzmann Arcari, gerente da Estação Experimental da Epagri em Urussanga, a parceria retoma uma trajetória histórica de colaboração.

“A história da Epagri e da Satc já se cruza há décadas, desde a recuperação de áreas degradadas pela mineração do carvão até projetos mais recentes. Essa parceria para o hub de fertilizantes é extremamente promissora e tem tudo para dar certo, porque une profissionais qualificados, vontade de fazer e, principalmente, proximidade com o setor produtivo”, afirmou.

Arcari também ressaltou a importância de Santa Catarina integrar o hub nacional de fertilizantes. “Trazer uma das unidades do Cefenp para o estado é um avanço estratégico. Isso fortalece a pesquisa aplicada, a transferência de tecnologia e coloca Santa Catarina em posição de destaque no desenvolvimento de soluções para reduzir a dependência de fertilizantes importados”, completou.

O evento ainda contou com uma mesa redonda com técnicos e autoridades que ressaltaram a importância das pesquisas voltadas às alternativas de fertilizantes em Santa Catarina.