Ele tem incríveis 60 anos, mas eu achei que ele tinha 40, e foi com essa surpresa que começamos nossa entrevista. Quarenta anos, João De Brida tem realmente é de profissão.

Em uma parte discreta do complexo da Satc, encontra-se uma sala de musculação e treinamento esportivo. Ela é toda de vidro, então consegue-se visualizar os equipamentos pelo lado de fora. Ao entrar e chegar no balcão da recepção você será atendido por uma figura forte, larga, de cabelo raspado, olhos claros e barba longa grisalha. Sem dúvida ele veio diretamente de uma localidade da região escandinava, um Viking fazendo parte da comunidade Satc. Mas no instante que ele te cumprimenta se percebe um cara receptivo e de conversa agradável.

João De Brida sempre se identificou com o treino de força, mas no final dos anos 70 não havia academia em Criciúma. “Eu treinava em casa, de forma intuitiva e cronometrava o exercício pelo tempo de uma música. Eu fazia flexões até a música Eye of the Tiger do Suvivor acabar”, relata De Brida.

E assim trocando de música João trocava de exercício. Para medir a evolução muscular dos braços, ele utilizava a argola da cortina da sala. Quando ficou apertada, ele entendeu que obteve resultado. Isso tudo foi por volta dos 13 anos de idade.

Hora de treinar forte

A Academia Physical foi a primeira de Criciúma. Carlão, o primeiro proprietário trouxe a novidade de Florianópolis para uso pessoal. Isso era início dos anos 80. A Physical foi fazendo com que vários adeptos de treinamento de força, que faziam treinos em casa, fosses se conectando.  E assim como João, acabaram frequentando o lugar. Consecutivamente ela foi aberta ao público. 

“Havia equipamentos que eu nunca tinha visto. Quando olhei aquela sala e aqueles aparelhos pela primeira vez, eu pensava que era um local de tortura e achava que eu iria sair de lá todo quebrado”, relembra De Brida de forma engraçada.

Em seguida quem assumiu a academia foi o Edson que ficou com ela até seu fechamento. Edson também foi um percursor no treinamento de força, inclusive foi técnico de equipe de fisiculturismo em Criciúma. João obteve muita experiência treinando na Physical, então aos 20 anos se tornou instrutor na academia.

Nos anos 90, De Brida competiu como atleta de “Levantamento de Peso Básico”. Um esporte de força conhecido hoje também por “Powerlifting” e que consiste em três modalidades: o agachamento, o supino e o levantamento terra. Garantindo o terceiro lugar no campeonato catarinense.

Mudanças nos treinamentos

João relembrou que as mulheres e homens treinavam em horários diferentes. Que a musculação era tida como um “patinho feio” na Educação Física. As primeiras turmas que se formavam nesse curso, não tinham nenhum conhecimento sobre treinamento de força.

“Os alunos vinham até a gente pesquisar, perguntar sobre os treinos. Atualmente o desenvolvimento muscular e os treinos em academias são a força motor deste setor no Brasil. Nosso País só perde para os EUA em número de academias e praticantes”, conta De Brida.

Mesmo recebendo o CREF(registro do órgão que fiscaliza o setor) por consequência da sua experiência técnica e profissional De Brida não se acomodou. Posteriormente João também cursou e se formou em Educação Física.

Atualmente ele é professor e treinador esportivo na academia da Satc. O espaço já chegou a ter cerca de 400 alunos cadastrados e ativos. “Até hoje ainda faço meus treinos de força, às vezes ocorre umas dores, mas seguimos assim mesmo”, comentou, aos risos.

*Texto do acadêmico de Jornalismo Messias Fernandes, produzido na disciplina de Técnicas de Reportagem e Entrevista.